Um deles, que mora em Curitiba (PR), desmatou 2 mil hectares em Nova Ubiratã (502 quilômetros ao norte de Cuiabá). Existe outro caso de uma família de São Paulo que desmatou mil hectares. Os nomes não foram revelados.
O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Mato Grosso, Ramiro Hofmeister de Almeida Martins Costa, afirmou que, além da especulação imobiliária e de agricultores que desmataram para plantar grãos, também existem casos de falta de informação por parte de produtores que arrendaram terras e estavam retirando madeira acreditando que o desmatamento estava legalizado. Agora, estes arrendatários, além de ter o maquinário apreendido pela fiscalização, respondem por crime ambiental.
Segundo ele, o Ibama transferiu o departamento de controle de desmatamento para Sinop, que é o principal município da região onde ocorreu grande parte do desmatamento. Ele afirmou que existem cerca de 500 pessoas atuando na fiscalização, entre funcionários do Ibama e da Secretaria Estadual do Meio Ambiente.
O secretário Alexander Maia afirmou que a fiscalização constatou que, entre os desmatadores, foram encontrados 16 proprietários rurais que tinham licença ambiental e estavam realizando a derrubada ilegal da floresta. Nestes casos, diz ele, além de ter as licenças suspensas e as propriedades embargadas, os proprietários também perderão o direito à isenção de multas caso queiram compensar os desmatamentos antigos por meio da reposição ou compensação, como prevê o programa estadual MT Legal.
Maia afirmou que “se os proprietários fizeram uma interpretação errada do Código Florestal, pensando que serão anistiados, estão enganados”.
? O Código não perdoa quem desmatou recentemente ? disse Maia.
Ele afirmou que a legislação atual dá margem para o proprietário rural apostar na impunidade, pois existem muitas instâncias em que é possível recorrer das multas aplicadas. Por isso, diz ele, o embargo e o arresto dos bens nas propriedades provocam maior impacto nas ações de fiscalização.
? As pessoas não ficaram impunes, pois irão sentir a mão pesada do Estado ? afirmou.
O superintende do Ibama afirmou que de janeiro a abril a fiscalização aplicou R$ 60 milhões em multas em Mato Grosso e apreendeu 40 máquinas, principalmente tratores de esteira. Segundo ele, a fiscalização também vai fechar o cerco contra as madeireiras, para apreender a madeira desmatada de forma ilegal. Outra providência do Ibama será um trabalho preventivo na região noroeste de Mato Grosso, para evitar que as ações de desmatamento se espalhem no Estado.