– Temos muitos aspectos parecidos com o Brasil, mas uma vantagem sobre vocês é que a produção não precisa viajar mais de 400 quilômetros para chegar a um porto – disse Gavaldá. Mesmo assim, 84% do escoamento da safra são feitos por caminhões, 15% por ferrovias seculares e apenas 1% por hidrovias.
A Argentina, assim como o Mato Grosso, cresceu exponencialmente na produção de soja nos últimos anos. Na última safra, foram 56 milhões de toneladas ante quatro milhões de toneladas produzidas em 1993. Segundo Gavaldá, este aumento na produção se deve à entrada da tecnologia transgênica no país, atualmente em 100% em área de soja e algodão, enquanto o milho chega a quase este total.
– Atualmente, os melhores solos, que ficam na região central do país, estão produzindo 3,6 milhões de toneladas – informou o consultor.
Segundo o consultor da AACREA, na Argentina 12% das terras são utilizadas para cultivos anuais, como soja e milho, e a maior parte (39%) é de área preservada. Gavaldá explicou que seu país também tem um solo fértil e tem baixa incidência de doenças e pragas nas lavouras.
– O clima e a disponibilidade de terras, que eram favoráveis e comparados ao Brasil, agora já não estão tão bons quanto em anos anteriores – explicou.
Cinquenta por cento das fazendas na Argentina são arrendadas e a maioria dos contratos se renova anualmente.
– Na melhor área do país o arrendamento está na faixa de 30 sacas por hectare – explicou Gavaldá. Ele também disse que as operações no país são terceirizadas, ou seja, os produtores terceirizam as colheitadeiras, as plantadeiras e até a mão de obra por safra.
Na Argentina, algumas vantagens competitivas são a alta tecnologia empregada, a grande demanda interna, com o uso de biodiesel, e também uma Câmara de Arbitragem, que é um órgão que tem a função de mediar acordos entre produtores rurais e tradings. Como desvantagens, o consultor argentino explicou que há altos impostos, a infraestrutura não é boa, especialmente em rodovias, e uma inflação de 25%. Além disso, o produtor de soja recebe 35% a menos na venda da sua produção a título de impostos de exportação.
Os argentinos estão conseguindo produzir soja a um custo bem menor que os brasileiros. No total, o custo de produção argentino é de R$ 478,00 por hectare, enquanto no Brasil custa, em média, R$ 1.000,00 por hectare. Na safra 2013/14, a Argentina deve aumentar sua área em 2%, com uma produção de 51 milhões a 57 milhões toneladas.
Para o diretor administrativo da Aprosoja, Roger Augusto Rodrigues, é interessante saber como as coisas acontecem em outros países produtores.
– Apesar de ser nossa vizinha, a Argentina tem coisas bem diferenciadas. Olharmos para nossos concorrentes é essencial para sabermos que estamos reclamando muito ou se estamos acomodados – afirmou Rodrigues.
O Circuito Aprosoja, realizado pela Aprosoja e o Senar-MT, continua viajando esta semana pela região Oeste de Mato Grosso.