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Seguro rural deve ser mais restrito na próxima safra

Menos produtores devem ter acesso a esse recurso em função de corte pelo governo federalO seguro rural vai ser mais restrito na próxima safra. A previsão é que menos produtores tenham acesso a esse recurso devido ao corte na subvenção do governo federal.

A pulverização na plantação de caqui é só uma das preocupações do produtor rural José Ortiz e do filho dele, Diego José Ortiz. Controlar as pragas talvez seja o mais fácil. O pior, segundo eles, é quando chove muito em Itatiba, no interior paulista, onde fica a plantação da família.

A grande ameaça é o granizo. Em 2001 houve um temporal forte na região e o agricultor perdeu toda a produção. Foi o que bastou. Um ano depois, José fez um seguro para toda a área, onde também planta uvas, e passou a dormir e trabalhar mais tranqüilo.

? Já usei o seguro duas vezes. Um agrônomo veio aqui, avaliou e me pagaram ? conta.

Em junho do ano passado, seu Zé, como é conhecido, renovou o seguro. Pagou R$ 6 mil para cobrir a área de seis hectares e a produção. Só a de caqui deve chegar a 150 toneladas este ano.

Ficar sem o seguro é coisa que ele e o filho não querem nem pensar. Por isso, não gostaram nada quando souberam da redução na subvenção do governo para próxima safra.

? O governo está tirando um incentivo que dava para o produtor ficar na lavoura. Como ele vai fazer isso tendo medo de, quem sabe, não poder mais contratar o seguro? Aí vai ser preocupante ? argumenta Diego.

Até o mês passado, a previsão do governo federal era destinar R$ 272 milhões para custear parte do seguro rural no país, mas houve cortes do Ministério do Planejamento e da Comissão de Orçamento do Congresso em quase R$ 100 milhões. Devem ser liberados pela União R$ 176 milhões para o seguro na próxima safra, o que, pela previsão das seguradoras, vai ter impacto no mercado e no campo, principalmente no segundo semestre deste ano.

? Há uma exposição maior de risco, sem dúvida. A safra continua com as mesmas dificuldades de captação de crédito. Como ainda estamos no primeiro semestre há uma expectativa de que o governo devolva o pleito do mercado, que é de R$ 282 milhões. Se isso ocorrer até julho, não haverá nenhum problema. Mas se não acontecer será um retrocesso para o mercado de seguro ? afirma o diretor financeiro de seguradora Geraldo Mafra.

Um retrocesso para o governo também, lembra o especialista em seguro rural Vitor Osaki. Ele diz que de 2003 até agora, quando a subvenção foi aprovada por lei, o volume de recursos só aumentou. Em 2005 eram R$ 37 milhões. No ano passado foram R$ 160 milhões.

A redução agora preocupa, mas, para tranquilizar o produtor, ele explica que isso não deve atingir o bolso de quem já tem seguro. O problema é maior para o mercado de seguradoras.
 
? Essa implicação de redução de incremento incide diretamente na política de expansão das seguradoras, mas não diretamente no custo dos seguros. A taxa de prêmio está relacionada ao risco do produtor. Se ele é constante, a taxa de prêmio também é. O que vai acontecer é uma restrição da massificação do seguro para o próximo ano-safra ? analisa Osaki.

O especialista lembra que, como para o governo o seguro rural é parte de sua política agrícola, ele [governo] também tem interesse no desenvolvimento desse mercado. Assim como numa safra, a esperança é que o volume de recursos da subvenção volte a crescer já no próximo ano, para tranquilidade de José e Diego, que já estão se preparando para renovar a apólice.
 
? Vamos ter que fazer do mesmo jeito para dormir sossegado e colher bons frutos. É como seguro de carro: se fez a primeira vez, faz sempre ? justifica Diego. 

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