Segundo ele, o país é um dos poucos com possibilidade de crescimento da fronteira agrícola. Enquanto outros países desenvolvidos já estão com as áreas esgotadas, o Brasil é o principal país em termos de desenvolvimento agrícola e pecuário sem afetar matas, florestas, rios, lagos, somente aproveitando as áreas já degradas e abandonadas, além de áreas de pastagem, passíveis de serem utilizadas sem agredir o meio ambiente.
Comerlato também prevê mudanças nas políticas de crédito rural, pois já existe um grupo de trabalho envolvendo Ministério de Agricultura, governos e bancos discutindo sobre políticas agrícolas mais acessíveis aos agricultores. O crédito rural do sistema financeiro brasileiro está atrasado. O manual de crédito rural do Banco do Brasil é de 1969. O produtor precisa de uma política com menos burocracia e mais acessibilidade.
? Hoje notamos que há recursos a vontade para investimentos, para custeio e muitas vezes falta a possibilidade de acesso a esse crédito. Já existe um grupo de trabalho estudando medidas para que nos próximos anos essa política agrícola seja melhor implementada ? explica Comerlato.
O déficit na armazenagem brasileira mostra que os investimentos no setor são necessários para uma valorização da produção agrícola, além de ganhos em qualidade e logística. Há uma tendência dos produtores cada vez mais investirem em suas próprias unidades armazenadoras, agregando mais valor ao seu produto.
A safra 2009/2010 contou com financiamento de 30 a 40% maior que na safra anterior. Além disso, foi o primeiro ano que no primeiro dia de liberação o banco já estava com os sistemas prontos, as normas e recursos também disponíveis nas agências, o que agilizou o processo.
Falando especificamente das regiões agrícolas, Comerlato disse que o crescimento do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina foi um pouco menor do que o da Região Sudeste e Centro-oeste. Na região Sudeste houve uma procura maior em função da crise, pois as tradings recuaram e o BB aumentou a disponibilidade de recursos principalmente para café, cana, soja, milho.
? A estimativa é que seja uma safra boa, com preços médios e uma rentabilidade razoável. Não é pra perder nem para ganhar muito dinheiro ? avalia.
As condições climáticas, cada vez mais imprevisíveis e devastadoras, e a volatilidade dos preços são as questões que mais preocupam os produtores. Ano passado foi de secas e hoje é o excesso de chuva que afeta a região do arroz no Rio Grande do Sul. Também em outros anos o clima é excelente, mas os preços despencam. Segundo Comerlato, o Banco do Brasil busca a proteção de preços para as instabilidades, tanto na variação dos preços como também na proteção climática.
? Hoje o seguro de preço ainda é pouco difundido, mas a tendência é um crescimento muito grande. O produtor busca com mais freqüência o seguro de clima, o de preço é muito pouco procurado e precisamos evoluir nisso, mas vai ser uma tendência a partir do próprio banco. Nós vemos uma tendência de que, caso haja uma estabilidade de renda do produtor, os investimentos vão surgir e com isso os setores como a armazenagem e máquinas vão deslanchar, pois o produtor vai estar mais seguro para realizar esses investimentos ? finaliza Comerlato.