O produtor rural José Corrêa da Silva, por exemplo, fez um empréstimo de R$ 40 mil, arrendou o terreno de 44 hectares, plantou feijão e, por via das dúvidas, resolveu fazer um seguro pelo Programa de Garantia de Atividade Agropecuária (Proagro). Quando a chuva destruiu a lavoura no final de 2009, ficou tranquilo porque o valor a ser recebido cobriria as perdas. Mas um entrave impediu que ele recebesse o dinheiro. A variedade do feijão não estava coberta pelo seguro.
Sem receber o seguro e com menos dinheiro, seu José resolveu plantar na sorte desta vez. Não fez seguro. E novamente viu a lavoura ser devastada pela chuva. Segundo o agricultor, ele não foi avisado de que a espécie do produto não era segurada.
Situações parecidas são vividas por produtores em todo Brasil. André Luis Gomes viveu o mesmo problema. Ele reclama que encaminhar o seguro é fácil, mas na hora de receber há muitos detalhes, armadilhas que surpreendem o produtor.
? Tem detalhes que não explicam pra gente, só ficamos sabendo depois ? explica.
Armadilhas que podem ser evitadas, garante o superintendente de agronegócio de seguradora Luiz Carlos Meleiro. Antes de mais nada, é preciso ler o contrato e estar bem informado. Seguros existem, não só contra granizo, mas também tromba d’água e chuvas fortes. Mas para receber é preciso estar devidamente orientado e enquadrado nas regras.
Para Meleiro, várias regras são ignoradas e isto é um grande problema. Ele aconselha o produtor a ter alguém de confiança para orientá-lo.
O Estado também pode ser acionado
O problema, às vezes, é o custo da apólice, muito caro para o produtor. O advogado Antônio Gonçalves, especializado na área, afirma que, mesmo não fazendo o seguro, o produtor que teve perdas com problemas climáticos pode tentar receber uma indenização.
? Vai depender da situação. Ele pode acionar a prefeitura ou o Estado. A primeira coisa é fazer um boletim de ocorrência e documentar da melhor forma possível ? explica Gonçalves.