Produtor de Mato Grosso semeou apenas 10% da área, depois faltou água, as plantas não desenvolveram, e ele acredita que o prejuízo é certo replantio
Pedro Silvestre, de Santa Rita do Trivelato (MT)
Quem arriscou semear soja em Mato Grosso já contabiliza perdas. A semente brotou, mas sem chuvas regulares, a planta perdeu força e não vingou, sendo assim parte da área terá que ser replantada. Se isso é ruim para o produtor que é dono da terra, imagine para quem está arrendando.
O produtor rural, Eberson Luiz de Oliveira, de Santa Rita do Trivelato, norte de Mato Grosso, planejou semear soja nos 3,5 mil hectares arrendados nesta safra. Por falta de chuvas, o ritmo de plantio não andou como o esperado e até agora, apenas 10% da área foi semeada. “
“A chuva atrasou e infelizmente isso acaba trazendo outros problemas. Esse atraso no plantio nos forçou a buscar outros materiais, de ciclo mais curto, ao invés do ciclo longo que tínhamos planejado. Isso para tentar salvar o plantio da segunda safra. Mas, acredito que 40% da área do milho já está comprometida”, conta Oliveira.
Além da preocupação com a perda da janela para o plantio da segunda safra com milho, Oliveira está receoso em relação a área já semeada. A falta de chuvas está atrapalhando o desenvolvimento das plantas e o risco de replantio é iminente, diz ele.
“O arrendamento temos que pagar certinho, porque é de onde tiramos nosso sustento, onde conseguimos dinheiro para pagar o maquinário, funcionários e uma série de coisas. Ou seja, podemos até diminuir os investimentos em tecnologias e demitir alguns funcionários para tentar honrar os compromissos de arrendamento”, explica Oliveira.
Em Diamantino, a situação não é diferente. O presidente do Sindicato Rural do município, José Cazzeta, conta que muita gente plantou a soja no período de estiagem , mas parte do trabalho foi em vão, pois sem chuvas as plantas não vingaram. E quem tem contrato de arrendamento irá enfrentar mais dificuldades.
“Já tem muitas áreas que além do arrendamento da soja, o proprietário está cobrando o arrendamento para o milho. Então você paga na soja e também no milho. Aqueles que têm contrato de área que se plantar paga, mas se não plantar não paga, tudo bem. Dentro de Diamantino, quase 50% do município são áreas arrendadas, tem gente pagando mais de 13 sacos por hectare pelo arrendamento , muito alto”, conta Cazzeta.
Para o presidente atual da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Dalcin, esta situação está zerando a rentabilidade de alguns produtores do estado. “
“Tem gente até com rentabilidade negativa, em algumas regiões do estado. E agora com o plantio atrasado, traz preocupação na questão da segunda safra, de milho. A soja ainda está em tempo de ser plantada e a época é muito boa para isso. Mas, se perde a janela ideal da segunda safra de milho. E isso é preocupante pois afeta a rentabilidade total do produtor, lá na frente”, explica Dalcin.
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