Apesar da Intacta ofertar menos aplicações, o altor custo assusta. Muitos sojicultores optam pela variedade RR e, inclusive, pelo grão convencional
Fernanda Farias | Goiás e Mato Grosso
A soja Intacta é uma variedade que começou a ganhar espaço nas lavouras do país nesta safra, mas, na região Centro-Oeste, os produtores ainda resistem ao uso da semente que contém a toxina Bt, principalmente pelo custo. Entre os agricultores ouvidos, há quem ainda confie na semente convencional.
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Conhecemos uma lavoura de soja Intacta em Campos de Júlio, no sul de Mato Grosso. Cerca de mil hectares não precisou de nenhuma aplicação de defensivos contra lagartas até os 35 dias de germinação. A área representa 30% do total da propriedade e a expectativa é uma produtividade de 65 sacas por hectare.
– Tivemos um bom controle. Não precisou de nenhuma aplicação na Intacta e nem no refúgio. É uma lavoura bem uniforme e bom desenvolvimento – explica o gerente da fazenda, Marcos Storch.
Entretanto, a opinião sobre a semente Bt não é unânime. Em Rio Verde, no Estado de Goiás, o produtor José Oscar Durigan planta 850 hectares de soja transgênica. Aproximadamente 30% é de semente convencional, uma espécie de refúgio. O agricultor fez testes com 10 variedades de semente, entre convencional, RR e Intacta.
– Das 10 (sementes) que tivemos, duas RR produziram mais, deu 94 sacos. A Intacta foi mais baixa, deu 89 sacos. Eu não vejo a Intacta remunerando mais o produtor. Está caro. Não é só o objetivo dela, não pulverizar, mas sim os custos de produção – comenta o produtor rural.
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O consultor técnico do Projeto Soja Brasil, Áureo Lantmann, pontua alguns itens que o produtor precisa considerar na hora de escolher que tipo de semente produzir. O preço e a relação dele com o custo com defensivos é um dos fatores.
O custo da semente convencional ou da variedade RR é cerca de quatro sacas por hectare e necessitam de aplicações. Já a Intacta, que promete descartar os defensivos, tem custo de sete sacos. Além disso, o agricultor deve priorizar tecnologias que tenham sido testadas o suficiente para garantir a eficiência.
– Que o produtor observe qual a adaptabilidade daquela variedade. Muitas vezes, ela é produtiva em uma determinada altitude, em uma região. Só que não é totalmente adaptada à região do agricultor. Isso pode ser um fator também de que não produza o quanto ele espera – orienta Lantmann.
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Foi justamente o baixo rendimento que levou o produtor Sebastião Tomaz, de Nova Mutum (MT), a desistir das sementes transgênicas. Depois de duas safras com soja transgênica, ele decidiu plantar a variedade convencional e não pretende mudar de estratégia agora. Mesmo com o custo de produção 15% maior, a produtividade compensa. Hoje a área de 900 hectares rende de 64 a 67 sacas por hectare.
– Eu estou colhendo melhor e estou conseguindo um preço diferenciado, de US$ 1,50 a US$ 2,00 na hora de comercializar. Os dois anos com transgênica, não sei se foi pela variedade, mas não teve vantagem – afirma Tomaz.
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