O 1º Fórum Soja Brasil da safra 2019/2020, que aconteceu em Maracaju (MS) nesta sexta-feira, dia 26, trouxe um alerta aos produtores do país. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja José de Barros França Neto, com os custos nos mais altos níveis da história, os sojicultores devem priorizar a compra de sementes de alta qualidade para garantir a rentabilidade.
De acordo com França Neto, a semente é deve ser considerada com uma matéria-prima e não somente um insumo. “É importante que o produtor, que está escolhendo suas sementes, aposte na qualidade e alto vigor. Isso resultará em plantas de alta produtividade e compensará o aumento nos custos”, comenta.
O Brasil irá semear quase 36 milhões de hectares na safra 2019/2020, e precisará de 3 milhões de toneladas de sementes, afirma o pesquisador. “Vale lembrar que dessas, apenas 71% são oficiais, com alta qualidade. O restante, 29%, são do sistema informal, com sementes próprias e ilegais, segundo dados da Abrasem [Associação Brasileira de Sementes e Mudas]. Quem pensa que está economizando, na verdade está investindo muito em algo que ninguém sabe o rendimento que trará”, afirma Neto.
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O pesquisador destacou durante a sua palestra quatro pontos fundamentais para o produtor verificar na hora de comprar suas sementes:
- Qualidade fisiológica, que é a germinação;
- Sanidade, ou seja sementes livres de patógenos;
- Genética, dividida entre a convencional ou transgênica;
- Física, que é a segurança da pureza.
Durante o evento, uma pergunta enviada pelos internautas tratou sobre a legislação e a obrigatoriedade de um vigor mínimo para as sementes de soja. França Neto responde que já foram feitas tentativas para isso com o trigo e, recentemente, com a soja em Mato Grosso, mas alguns aspectos legais impediram de dar certo.
“Entretanto isso não impede o produtor de exigir isso de sua revenda, escolher uma semente que entregue o melhor vigor. afinal isso trará a ele um grande ganho em produtividade”, comenta.
Plantadeira
Outro alerta foi feito em relação a forma com que se planta, tendo sua plantadeira bem regulada para evitar problemas. Para o pesquisador, isso garante o alicerce da alta produção de alta produtividade.
“Quando começamos a lavoura com alto vigor teremos uma uniformidade na lavoura e não encontraremos plantas com baixas produtividades no meio. Nossos estudos mostram que implantar uma boa lavoura, com bom vigor e uniformidade, garantem até 15% de ganhos de produtividade”, frisa.
Para comparar, ele usou o exemplo de quando se lança uma cultivar nova no mercado. Para que ela seja considerada diferenciada, precisa ter pelo menos 2% de ganhos de produtividade. “Ter uma boa lavoura traz um ganho mínimo de pelo menos 10% de produtividade, ou seja, 300 quilos a mais por hectare. Imagine se tivéssemos os 36 milhões de hectares com esse ganho, produziremos 11 milhões de toneladas a mais, ou R$ 12 bilhões”, salienta o pesquisador da Embrapa.