O coordenador do evento, Irajá Ferreira Antunes, destacou que as sementes crioulas, além de favorecer o consumidor, representam uma alternativa, tanto para agricultores, quanto para populações urbanas. O seminário trata do emprego das sementes e da identificação de mecanismos que estimulam os guardiões, e as pessoas que deverão substituí-los, na continuidade do trabalho para as gerações futuras.
? Junto aos colegas de outros países, procuramos dar um novo olhar e relevância ao processo de guarda de sementes crioulas na América Latina. Afinal, as sementes são patrimônio de todos ? afirma.
O chefe adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Clima Temperado, Clenio Nailto Pillon, destacou que os guardiões de sementes têm papel fundamental no processo de conservação genética, pois as instituições públicas não dispõem de mecanismos para cuidar desse patrimônio da humanidade.
? Esperamos delinear novos caminhos que favoreçam políticas públicas em prol desses guardiões que, preservam a agrobiodiversidade, valorizando a cultura e as características regionais ? disse.
O professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rubens Nodari falou sobre as consequências da redução da diversidade genética, com a perda das variedades crioulas. Ele citou a vulnerabilidade dos agricultores, problemas provocados pelas mudanças climáticas, perda de autonomia sobre as sementes e diminuição do acesso a outros produtos que não sejam alimentos.
? Os riscos também se estenderiam aos moradores das cidades, que poderiam enfrentar problemas relacionados ao acesso a alimentos tradicionais, simplificação da dieta alimentar e fragilidade frente ao mercado, pelo aumento de preços em função da menor oferta de determinados tipos de alimentos ? explicou.
A Embrapa capacita e estimula agricultores e técnicos para serem “guardiões” das espécies tradicionais, para a melhoria da qualidade da semente produzida e armazenada nos bancos comunitários.