Cultivo da soja durante o inverno é permitido porque a irrigação é feita no subsolo, garantindo que a doença não vai se espalhar
Manaíra Lacerda | Lagoa da Confusão (TO)
O Tocantins tem mais de um milhão de hectares de várzeas. Deste total, 130 mil são destinados para a produção agrícola durante o inverno. O arroz irrigado é a cultura mais comum, mas em Lagoa da Confusão, aproximadamente 35 mil hectares são utilizados para o cultivo de sementes de soja. A produção atende além do estado, o Maranhão, Pará, Mato Grosso, Goiás, Bahia e Piauí.
• Custos freiam aumento de produção no Tocantins
O engenheiro agrônomo Thiago Lima cuida de uma propriedade onde estão sendo colhidos mil hectares de sementes. O desenvolvimento da planta ocorre durante o vazio sanitário no estado, mas a região tem autorização para cultivar a soja. Lima explica que o controle da doença é mais eficaz em várzeas porque os lençóis freáticos são rasos e a irrigação é feita de uma forma que não molha as folhas da planta, evitando a multiplicação do fungo causador da ferrugem.
– A gente faz a irrigação por subinundação ou subirrigação, que seriam bombas que se encontra na sede das fazendas e bombeiam a água dos rios, coloca nos canais principais, e fazemos a irrigação vai solo. A gente não promove o molhamento foliar, então não damos condições favoráveis para o desenvolvimento da ferrugem – explica o agrônomo.
A produção de sementes por si só já é mais cara que o plantio de grãos, e nesta safra o investimento foi maior ainda. Na fazenda visitada, em Lagoa da Confusão, o custo foi de R$ 2,6 mil por hectares, com a saca valendo cerca de R$ 78,00.
Thiago Lima conta que o manejo de pragas é mais rígido, precisando fazer sete aplicações de inseticidas e três de fungicidas. A previsão é colher 55 sacas por hectare, média considerada boa.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Tocantins (Aprosoja-TO), Ruben Ritter, o custo é alto. Este é um dos motivos para a produção de sementes em áreas de várzeas não crescer com mais rapidez no estado.
– Essas áreas, vocês vão verificar, é feito primeiro um nivelamento do solo, a construção dos canais de irrigação, a construção das estradas, a construção da drenagem. Então o custo desse empreendimento é que faz com que cresça muito lentamente a área plantada. Sem falar também das questões ambientais, que na região também são muito rígidas – argumenta o dirigente.
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