Cruzes de madeira em meio a bandeiras de movimentos sociais representavam os mortos no massacre. Na fala de parlamentares, representantes do governo federal e manifestantes, a palavra impunidade foi a mais citada.
? Foi uma covardia do governo o que foi feito há 15 anos com os trabalhadores. Dezenove pessoas mortas e mais de 50 mutilados, que ainda sofrem as conseqüências até hoje. Nós esperamos que histórias como esta sejam apagadas nas futuras lutas dos trabalhadores do Brasil ? disse o deputado Dionilson Marcon (PT-RS)
Os processos que julgam os acusados pelo massacre de Carajás tramitam desde 1996. De lá pra cá, juízes foram afastados e testemunhas se recusaram a depor porque sofreram ameaças. Os 142 policiais envolvidos na ação foram absolvidos. Os dois únicos condenados aguardam em liberdade por julgamento do Supremo Tribunal Federal.
? É paradoxal, porque nós lutamos pela democracia e lutamos, portanto, para que nos processos judiciais haja o direito de resposta, do contraditório. Paradoxalmente, esse direito tem sido também um instrumento que garante e permite impunidades ? argumenta o secretário executivo da Secretaria de Direitos Humanos, André Lázaro.
O MST luta na Justiça para que a absolvição dos envolvidos seja anulada. O movimento reconhece, no entanto, que a chacina deu visibilidade à reforma agrária.
? Ela (a chacina) fez com que, no nível internacional, houvesse uma pressão para que o governo Fernando Henrique Cardoso, na época, tomasse medidas na construção de políticas públicas para resolver os problemas de assentamentos e acampamentos. Aquele massacre fez com que o governo criasse o Ministério do Desenvolvimento Agrário e houve uma série de conquistas de lá pra cá ? afirma o diretor nacional do MST, João Paulo Rodrigues.