Mediada pela jornalista Tânia Carvalho, a conversa teve a participação de Renata Zaffari Ariolli, engenheira agrônoma e produtora rural em Erechim (RS); Fernanda Viacelli Falcão, engenheira agrônoma e produtora rural em Passo Fundo (RS); e Helena Schmidt, produtora e administradora rural em Santa Vitória do Palmar (RS).
Ao contar um pouco de suas histórias, as produtoras revelaram que a determinação de fazer suas propriedades terem êxito é um ponto em comum entre elas. Em um ambiente predominantemente dominado por homens, as três conseguiram mostrar que as mulheres também podem gerir com eficiência.
Renata Ariolli administra um haras e fazenda de 1,3 mil hectares em Erechim. A propriedade familiar produz sementes destinadas, em sua totalidade, à Cooplantio. No verão, são produzidos soja e milho, e o no inverno, trigo e aveia branca. A propriedade cria também cavalos, bovinos e ovinos.
A inserção da mulher no trabalho da propriedade da família de Renata cresceu com a necessidade de mão de obra. Ela explica que é grande a dificuldade para manter empregados no campo, e para isso, sua família optou por investir na empregabilidade familiar e, consequentemente, no trabalho feminino também.
– Nesse contexto, porque não inserir também a mulher? Com a inserção da família no trabalho da propriedade, conseguimos uma baixa rotatividade e um melhor desempenho.
Renata conta que no começo de seu trabalho na fazenda teve medo do preconceito por ser mulher e ser jovem. O relacionamento com os colaboradores, muitos deles homens, e a necessidade de resultados também a preocupavam. Mas todas as dificuldades foram ultrapassadas, e ela credita esse sucesso na gestão, também, às suas características como mulher.
– As características que fazem a mulher manter família, emprego e outras funções, ajudam também no gerenciamento da propriedade.
Fernanda Falcão também teve medo, no início, de comandar as propriedades da família – em Primavera do Leste (MT) e no Rio Grande do Sul – e todos os funcionários, que em sua maioria são homens. Ela, no entanto, superou os obstáculos e venceu. Em Mato Grosso, a família tem 3,8 mil hectares onde são produzidos grãos.
Segundo Fernanda, para manter uma empresa familiar e fazer tudo funcionar com eficiência, é necessário pensar como uma empresa e não como família.
– Quando você tem uma empresa familiar, antes de ser filha ou irmã, você tem metas, você tem que ser profissional. Os diferenciais da mulher, segundo ela, também podem ajudar a gerir os negócios com qualidade.
Helena Schmidt administra uma empresa familiar com o marido e os filhos em Santa Vitória do Palmar. A família tem 2,2 mil hectares e possui ainda uma área de domínio que passa de quatro mil hectares. Na área, são produzidos grãos, além de pecuária de leite e de corte.
Quando Helena começou na administração do campo, o Brasil passava por problemas econômicos. De uma área de mil hectares a família baixou para 400 hectares. Para cortar gastos, dispensaram todas as chefias da propriedade. Ela e o marido assumiram, então, toda a gerência da fazenda e, aos poucos, foram crescendo novamente. Para ela, o sucesso da atividade familiar e da mulher no campo está aliado à união familiar, porém, sem nunca perder o foco.
– O papel da mulher do campo está em encontrar o meio termo para o tão desejado equilíbrio – finalizou Helena.
O 28º Seminário da Cooplantio segue até quarta, dia 5. Confira a programação completa.