O senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) protocolou um requerimento nesta terça-feira (7) solicitando a convocação do ministro da Educação, Camilo Santana, para prestar esclarecimentos sobre denúncias de politização nas questões do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem). O documento foi apresentado na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA).
No requerimento, o senador destaca abordagens tendenciosas nas questões 70, 71 e 89 do Enem. Heinze ressalta que a demonização da produção rural nas questões, especialmente associando a produção de soja ao desmatamento da Amazônia, superexploração dos trabalhadores e chuvas de veneno, configura um claro ataque ao setor que precisa ser corrigido.
O parlamentar aponta a carência de fundamentação científica e acadêmica nas questões, destacando que além de serem carregadas de teor ideológico, podem impactar significativamente na percepção da sociedade sobre o setor agropecuário e sua contribuição para o país.
A expectativa de Heinze é aprovar o requerimento na quarta-feira (8).
Entenda a polêmica
A questão 89, que aborda a atuação do agronegócio no Cerrado, chamou atenção por trazer fatores negativos do setor, como a “violência simbólica, superexploração, chuvas de veneno e violência contra a pessoa”. O senador destaca que as alternativas de resposta também contêm elementos negativos relacionados ao agronegócio.
Na questão 70, o texto introdutório aponta que a lógica que gera o desmatamento na Amazônia está articulada pelo tripé grileiros, madeireiros e pecuaristas. A questão 71 trata de evoluções tecnológicas relacionadas a viagens espaciais, abordando o impacto desigual dessas viagens na população. Uma charge na questão mostra um alienígena sendo avisado por um indígena para não confiar nos humanos bilionários que chegam ao planeta.
Novo pronunciamento da FPA
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que ontem (6) criticou as questões, publicou hoje (7) uma reação a uma reportagem da CNN Brasil sobre uma orientação do governo federal para que ministros não se posicionem sobre o tema. “Lei do silêncio para o Enem”, disse a FPA, questionando se a possível medida foi tomada para evitar uma crise com o setor de agronegócio.
👥 Em semana decisiva para a agenda econômica do país, governo decide se calar diante dos absurdos na prova do ENEM. Isso tudo para não "escalar" a crise com o setor, e assim garantir os votos necessários para pautar projetos e matérias importantes ao governo.
— Frente Parlamentar da Agropecuária (@fpagropecuaria) November 7, 2023
Diz ai, medo ou… pic.twitter.com/lupdw3FnNc