Maior rigor do Ministério do Trabalho criou a necessidade dos produtores especializarem os funcionários para o manejo adequado dos defensivos agrícolas
Ricardo Cunha | Jaciara (MT)
O Mato Grosso é um dos Estados onde mais se aplicam agroquímicos no país. Por conta disso, são frequentes as fiscalizações em relação ao cumprimento de exigências estabelecidas pela NR-31. Para adequar as propriedades à legislação, o Senar-MT tem realizado cursos de capacitação para funcionários que trabalham com produtos químicos.
Há cinco anos, a propriedade do agricultor Jorge Schinoca, em Jaciara, vem se adaptando às novas normas para o uso de manuseio de agrotóxicos. O proprietário começou pela construção de locais para a armazenagem e descarte de embalagens vazias de produtos químicos. O espaço é exclusivo para os funcionários que trabalham com esses produtos. Serve para banho e lavagem dos equipamentos de proteção individual (EPI).
– Gastamos aqui uns R$ 150 mil, mais ou menos. Ainda falta mais alguma coisinha, mas estamos bem adiantados – comenta.
Schinoca contratou também uma consultoria especializada no assunto. São eles que elaboram o planto de gestão para que a propriedade se ajuste às normas.
– O trabalho tem sido levantamento das vistorias do ambiente e preparar o programa de gestão, para que a partir desse programa ela conduza as recomendações que a gente passa diante dessas situações. Eu diria que os produtores estão bem preparados para conduzir dentro das normas estabelecidas, especialmente a NR-31 – explica o consultor Vladmir Pimenta.
Outra preocupação do fazendeiro é com a qualificação dos funcionários. Através dos cursos do Senar-MT, Jorge Schinoca treinou cinco empregados para operar com produtos químicos.
– Um funcionário qualificado só vai reverter em produção melhor para a fazenda. Se você pega um funcionário que manuseia o agrotóxico, de qualquer jeito ele vai se intoxicar e terá um segundo custo para a empresa. Primeiro ele vai ter que ficar parado e nós vamos ter que encontrar outra pessoa para substituí-lo – comenta o agricultor.
– Existe uma cobrança muito grande legítima do Ministério do Trabalho. Você trabalha com agrotóxicos e alguns produtos que causam problemas. Uma série de atividades que podem gerar riscos. Diante dos níveis de acidentes dentro do setor, o Ministério vem cobrando que os trabalhadores façam cursos.
Os funcionários que já receberam treinamento do Senar-MT, agora atuam junto com os demais como multiplicadores das normas, além, é claro, de aplica-las no dia a dia da propriedade.
– Mudou porque aprendemos mais, né? Antes a gente cuidava, mas não era tanto. Depois desse curso, a gente viu os perigos do que pode acontecer com a pessoa – afirma o operador de máquinas Reginaldo Leite.