Em Minas Gerais, 60 granjas de suínos foram interditadas neste ano com a presença do senecavírus A. A doença é uma infecção que apresenta sintomas semelhantes aos da febre aftosa, como lesões, febre e dificuldade de movimentação dos animais.
De acordo com Instituto Mineiro Agropecuário, o vírus não causa impactos de saúde pública e nem embargos econômicos. Mas, tem uma grande importância, já que a diferença do senecavírus com a febre aftosa só é feita apenas com análises de laboratório.
Segundo a pesquisadora Danielle Gava, da Embrapa Suínos e Aves, o vírus foi descoberto em 2002 através de estudos em laboratórios.
“Em 2015 iniciaram-se novos surtos de uma forma mais intensa e então começou a ser reportado casos em todo o Brasil e em várias partes do mundo. Hoje ele está distribuído pelo país e basicamente atua em surtos conforme o rebanho tem ou não imunidade”, explica Danielle.
Plantel brasileiro
A pesquisadora informa no entanto que o risco de uma contaminação em grandes proporções no plantel brasileiro através do vírus é baixo. “Os maiores impactos serão sentidos no bolso do produtor, mas não há motivo para o setor se preocupar com embargo econômico, como é o caso da febre aftosa”, afirma ela.
Entenda a doença
De acordo com a Embrapa, a infecção pelo Senecavírus A causa uma doença vesicular nos suínos, com lesões vesiculares semelhantes a outras doenças vesiculares dos suínos que incluem a febre aftosa, a doença vesicular dos suínos, doença exantemática dos suínos e a estomatite vesicular.
A gravidade dos sinais clínicos e da mortalidade de leitões tem variado muito entre diferentes rebanhos afetados, entre 10 a 70%. Os sinais clínicos são mais perceptíveis na fase de maternidade, cursando com diarreia e morte de leitões na primeira semana de vida. Nessa fase, os leitões afetados também podem manifestar anorexia, tonteira e febre discreta.
Nos suínos de terminação e em reprodutores, a doença inicia com anorexia e febre discreta e de curso rápido, afetando apenas alguns animais. Em seguida, na maioria dos casos, aparecem também vesículas intactas ou rompidas no focinho (nariz) ou na mucosa oral (junções muco-cutâneas) e ao redor das bandas coronárias. Lesões na parede do casco e almofada plantar podem ser observadas, especialmente em reprodutores e animais de abate.
O diagnóstico clínico deve ser acompanhado de confirmação laboratorial para excluir outras doenças vesiculares e de notificação obrigatória.
Como o produtor pode proteger rebanho
- Dispor de barreira física (cerca telada) para impedir o livre acesso de veículos, pessoas e outros animais nas
instalações da granja; - Revisar protocolos de biossegurança, focando na desinfecção e controle de visitas;
- Redobrar medidas de limpeza e desinfecção e vazio sanitário adequado;
- Na suspeita clínica buscar assistência veterinária;
- Reportar imediatamente à autoridade sanitária local;
- Utilizar protocolos de contenção e eliminação, auxiliado pelo veterinário que presta assistência técnica;
- No caso de suínos terminados, consultar as autoridades veterinárias antes de enviar ao abate;
- No caso de suspeita fundamentada, para afastar a presença de vírus de controle oficial que causam lesões
semelhantes, a autoridade veterinária oficial deve colher e enviar amostras para diagnóstico virológico oficial; - Realizar estudos epidemiológicos do surto, como origem, rastreabilidade e incidência.