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O Matopiba está mesmo no limite de expansão de área?

Segundo especialistas e entidades do setor agrícola, a região ainda tem muito a avançar e segue como destaque para ampliação da produção de alimentos do país

Há pouco mais de dez anos a região conhecida como Matopiba, que engloba os estados Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia foi reconhecida como a nova fronteira agrícola do país. Recentemente a reportagem de um grande veículo de comunicação nacional, interpretou um estudo realizado na região e garantiu que a região já estaria no limite em termos de expansão de área. Será que em tão pouco tempo todas as áreas foram exploradas completamente? Segundo o setor agrícola, especialistas e consultores a resposta é não, ressaltando inclusive que e o Matopiba segue com alto potencial de investimentos, expansões e avanços.

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A menos que alguma área seja completamente inexplorada, é loucura considerar que 1,8 milhão de hectares de pastagens degradadas e 4,3 milhões de áreas com vegetação nativa com alta aptidão para a produção de grãos (segundo levantamento realizado pela consultoria Agroicone), é pouco em termos de expansão, considera a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Para se ter uma ideia, em dez anos, de 2006/2007 até 2016/2017, só na soja (uma das atividades agrícolas mais rentáveis), o país expandiu 13,3 milhões de hectares (64,5% de crescimento).

No mesmo período o estado que mais ampliou suas lavouras de soja foi o Centro-Oeste, com 6,2 milhões de hectares, quase o mesmo montante estimado pela Agroicone para a região do Matopiba, que em dez anos abriu 1,7 milhão de hectares de soja apenas. A pergunta que fica é, será mesmo que esta região está próxima do limite de expansão, como sugeria o título da tal publicação?. “A polêmica foi gerada por uma informação que não estava no estudo, foi fruto de uma interpretação errada do jornal em questão”, diz André Nassar, diretor de Estratégia e Novos Negócios da consultoria Agroicone. “O estudo discutiu que existe uma fronteira de Cerrado e de pastagem. Se o crescimento de área vier das pastagens ela crescerá mais no Centro-Oeste. Se for no Cerrado, a área de expansão com maior potencial é no Matopiba.”

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Segundo a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) esta informação está completamente errada. A entidade destaca que a região do Matopiba tem 73 milhões de hectares cultivados. É responsável por 10% de toda a produção de grãos do Brasil. Sendo que só no Oeste da Bahia existem pelo menos 3 milhões de hectares de áreas do cerrado agricultáveis para serem explorados ainda. Outro dado destacado para demonstrar o crescente potencial da região é que o Nordeste superou a região Sudeste em produção de alimentos, já que das 18,6 milhões de toneladas produzidas na região Nordeste, boa parte sai do Matopiba. “Estava tudo errado naquela publicação e ficou muito pejorativo. Esta região tem um potencial enorme para irrigação, para pecuária e para todas as atividades que quiser”, diz Julio Busato, presidente da Aiba.

Outra entidade que também se manifestou sobre o caso foi a Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja). Em sua nota de repudio, a Aprosoja afirmou que os dados e informações veiculadas não refletem a realidade.

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Para Carminha Missio, presidente do sindicato rural de Luis Eduardo Magalhães (BA), um dos grandes municípios produtores da região, disse que o documento causou desconforto e prejuízo para o setor. “Os produtores estão insatisfeitos, preocupados com acesso à crédito, com investidores que deixaram de vir ou fazer investimentos aqui na região”, reclama ela.

Já a opinião de um agricultor da região Carlos Takahashi, de Luis Eduardo Magalhães resume bem a discussão e demonstra o quão consciente o produtor está. Depois de anos seguidos com problemas climáticos ele não pensa ainda em expandir suas divisas, mas ressalta que se fosse fazer isso, não escolheria outra região não. “A região é forte, consolidada e vai se valorizar muito mais”, conta ele.

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Com quase 30 anos na região, Takahashi possui mil hectares onde cultiva soja e milho. Nesta safra ele está muito otimista com a produtividade, já que o clima tem colaborado um pouco mais. O produtor foi um dos pioneiros na produção de soja nesta região e faz questão de falar das vantagens de plantar aqui. “Aqui tudo é bom, a topografia, as condições climáticas, com as estações bem definidas entre o período das águas e o das secas. Por isso, aqui na região sempre tem os agricultores com altos índices de produtividade”, garante ele.

No oeste da Bahia, onde está localizado Luis Eduardo Magalhães a agricultura se desenvolve em duas áreas com características distintas: o vale e o cerrado. No vale predomina a agricultura de subsistência, com a mandioca, o milho, o arroz, o feijão e a pecuária. No cerrado, a área é mais plana, onde se usa muita mecanização e é onde se firmou o polo agrícola da Bahia. Por lá estão as maiores áreas de soja, algodão, milho e café.

Nesta região da Bahia, segundo a Aiba, só a soja ocupa quase 60% da área cultivada. São mais de 1,5 milhão de hectares. O Algodão, outra forte cultura da região, é considerado o primeiro em qualidade no Brasil. Na última estimativa de safra, somando também com o milho, a área ocupada por estas culturas fica perto de um 1,9 milhão de hectares e a produção passa de 7,6 milhões de toneladas.

Daniel Popov de São Paulo, com informações de Sebastião Garcia, da Bahia.

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