A cidade em se desenvolveu 15 anos e a agricultura se desenvolveu mais ainda, atingindo altos níveis de produtividade. Como também não podia ser diferente, grupos estrangeiros acabaram chegando ao local, já que ainda há muita área disponível para implantar essa agricultura com alta tecnologia.
O Cerrado aos poucos está perdendo espaço e começa a dar lugar a imensas plantações. No Piauí, a agricultura empresarial tem pouco mais de 10 anos.
Em Uruçuí, a 300 quilômetros de Bom Jesus, há uma fazenda que foi comprada por americanos em 2004. São 9,8 mil hectares de área, 3,6 mil cultivados com soja e milho. O chefe administrativo do Grupo Brasil Agrícola, Arnaldo Lima Frazão, que administra a propriedade, conta que, lá dos Estados Unidos, os sócios acompanham cada movimentação.
Não são apenas os estrangeiros que vão ao local procurar terras. Brasileiros que já estavam na região também buscam parcerias com investidores internacionais. É o caso do grupo Golin, que está no Piauí desde 94. Em 2007, se associou à Tiba Agro, empresa sediada em São Paulo, especializada em comprar e gerenciar propriedades. Boa parte do capital é de cotistas americanos e europeus. Juntos, os dois grupos têm 320 mil hectares no Mato Grosso, Bahia e Piauí. Parte disso, em uma fazenda perto de Bom Jesus. Atualmente, 35 mil hectares são cultivados. A meta para os próximos cinco anos é chegar a 100 mil hectares em produção, e dobrar essa área em 10 anos.
? São terras, na maior parte delas, que ainda não estão em produção, e que vão ser convertidas para produção agrícola, em geral para produção de soja e depois futuramente algodão e milho, com o objetivo de fazer então uma empresa totalmente produtiva e um dia abrir o capital dessa empresa para o mercado ? diz o diretor da Tiba Agro, Fernando Jank.
É um movimento recente, mas que cresce rápido. Pelos dados oficiais, 82 imóveis no Piauí estão em registrados em nome de estrangeiros. São quase 59 mil hectares.
Vindos de fora ou mesmo do local, esses investimentos têm ajudado a região a crescer. De 2004 pra cá, Bom Jesus subiu de 37ª para 11ª no ranking das maiores economias do Estado. Cerca de 60% dos empregos da cidade são ligados ao agronegócio.
Quem acompanha essa história há mais de 10 anos sabe bem desse impacto. Para o prefeito da cidade, Alcindo Piauilino, os estrangeiros deram início ao que ele chama de segunda fase do desbravamento do sul do Piauí. Ele teme que, dessa vez, o avanço fique apenas no campo.