Série Especial: produtores tradicionais de soja e milho dos EUA plantam arroz com irrigação por pivôs

Se produtor já trabalha com pivô central em outras culturas, instalação de campo de arroz não gera nenhum custo adicionalOs Estados Unidos servem de referência para os países que querem avançar na produção com tecnologia. Na área de pesquisa e estudos, a reportagem do Canal Rural encontrou o brasileiro Luciano Shiratsuchi, que está na Universidade de Nebraska fazendo doutorado em agricultura de precisão.

? Comecei meu doutorado aqui. Trabalho na Embrapa, em Brasília. Estou trabalhando com sensores ativos para detectar a deficiência de nitrogênio na folha, o que eles chamam de detecção em tempo real. O sensor detecta o stress do nitrogênio e aplica o nitrogênio na mesma operação. Você economiza em nitrogênio, contamina menos o ambiente e mais dinheiro vai para o bolso do produtor ? explica Shiratsuchi.

Também em solo norte-americano, o Canal Rural encontrou o diretor do Ministério da Agricultura de Angola. Para ele, o desafio é encontrar técnicas e projetos capazes de reconstruir o país com base na produção de alimentos.

? Alimentar cerca de 17 milhões de pessoas não é uma coisa muito difícil se os investimentos corretos forem feitos, as pessoas forem treinadas e as tecnologias utilizadas de forma adequada. E obviamente que, levando em conta o potencial de recursos naturais que o país tem, que estimamos em cerca de 35 milhões de hectares com aptidão para o uso agrícola, nós acreditamos que  poderemos rapidamente passar também a ser um país exportador de alimentos ? afirmou Joaquim Duarte.

Os estrangeiros ligados ao agronegócio que visitam os Estados Unidos querem novidades nas mais diversas culturas. No arroz, a grande mudança é a redução no consumo de água.

Fisiologicamente, o arroz é uma planta subaquática adaptada ao ambiente inundado. Pode ser cultivada sem inundação desde que o manejo seja correto. As pesquisas trabalham nesta direção, para saber quanto de água o arroz realmente precisa em cada fase do ciclo para garantir a produtividade.

Uma empresa norte-americana, líder mundial no setor de irrigação, trabalha em parceria com a Embrapa Clima Temperado e o Instituto Rio-grandense do Arroz, no Brasil, e as Universidades de Arkansas e Missouri, nos Estados Unidos. Os resultados vão mudando as perspectivas dos arrozeiros em várias partes do mundo.

Os testes são feitos em centros de pesquisa e divulgados através de Dia de Campo. Jem Heiser, pesquisador da Universidade do Missouri, faz a relação entre o sistema tradicional de produção de arroz, com inundação, e mudança para o pivô central.

? A produção de arroz inundado precisa de um solo ideal, que segure a água por muito tempo. Além disso, precisa de uma série de equipamentos que garantam a disponibilidade de água no campo. O consumo chega a 3,4 mil litros de água por minuto. Na produção de arroz irrigado, você trabalha com o mesmo equipamento que é utilizado nas lavouras de soja e milho. No arroz inundado você precisa de equipamentos próprios. Com relação ao uso de fertilizantes, acreditamos que o uso nos dois modos de produção deve ser o mesmo. Mas estamos desenvolvendo uma série de pesquisas para reduzir o uso de fertilizantes. Se o produtor já tem um pivô central sendo utilizado para outra cultura, a instalação de um campo de arroz não vai gerar nenhum custo adicional para ele ? garante Heiser.

Foi o que fez Patrick Hulshof, que também produz soja e milho, e mostra a qualidade da produção garantida com a irrigação. O produtor reservou uma área para incluir na rotação o arroz, pela primeira vez.

? Esperamos que o gasto que tivemos para comprar o pivô central retorne dentro de alguns anos. Um equipamento como este tem uma vida útil de 20 anos. O retorno é muito rápido e temos a garantia de ter uma boa safra. Plantar arroz dessa maneira, com alta tecnologia, se paga rapidamente ? conta o produtor.