Série Especial: Universidade do Nebraska (EUA) revoluciona irrigação com inovações tecnológicas

Regulamentação dos recursos hídricos norte-americanos depende de decisões tomadas pelo setor de pesquisaO sistema de pivô é usado em 80% das lavouras irrigadas nos Estados Unidos. Na propriedade do produtor Greig Philips, os canais de água passam entre as lavouras. Ele vem expandindo a produção nos últimos três anos. Como estímulo a mais para ele, o filho, que acaba de sair da universidade, decidiu trabalhar no campo.

De acordo com o produtor, os custos para bombeamento da água dos canais de irrigação são menores se comparados com a retirada do subsolo. O custo fixo e a disponibilidade determinam onde ele vai tirar a água em cada safra. O produtor procura seguir o que determinam as leis do Estado do Nebraska com relação aos recursos hídricos. 
 
? A água que está na superfície está submetida a uma série de leis. Há alguns anos, a água que está no subsolo podia ser utilizada por qualquer produtor. Agora, o Estado do Nebraska está sob uma moratória, que impede qualquer produtor de perfurar novos poços ? afirma Philips.

Para ter este conceito com uso consciente dos recursos naturais, o produtor conta com o apoio dos institutos de pesquisa que analisam dados técnicos para facilitar o manejo e a conservação da água com uso eficiente.
 
A Universidade de Nebraska envolve cientistas, engenheiros e juristas que trabalham diretamente com questões relacionadas à água, como água subterrânea, qualidade da água, projetos para redução dos impactos da seca, impactos econômicos e ferramentas de gestão. O futuro dos recursos hídricos do Estado depende das decisões que começam a ser tomadas dentro da área de pesquisa.
 
No centro de pesquisa de extensão de Nebraska, todo o trabalho tem base em 500 hectares irrigados e 70 com produção no sequeiro. Cerca de 75% das lavouras são de milho. Mais de 100 sensores controlam a água do solo para saber a eficiência da irrigação. Além disso, 10 hectares estão sendo testados com a irrigação por gotejamento. É o maior campo de pesquisa neste sistema nos Estados Unidos. Os canos de irrigação ficam 40 centímetros abaixo do solo, mantendo a superfície seca.

No restante da área, foram instalados um pivô central e três lineares. Um equipamento mede por onda de rádio a evaporação da água a cada 15 minutos.  E outro, a cada décimo de segundo. O pesquisador Suat Irmak explica que o conhecimento destes números ajuda o produtor a saber qual é a taxa de evaporação nas lavouras de milho, soja ou outra cultura.

? O grande desafio é aumentar a eficiência da produção nos próximos anos. Qual será o gerenciamento de doenças? Qual será o gerenciamento de irrigação e de fertilizantes? Alguns vão mudar e alguns vão continuar sendo os mesmos. O ponto mais importante é que os recursos de água não vão aumentar, mas a população mundial vai crescer significativamente até 2050. Então como vamos alimentar essa crescente população? ? indaga o professor da Universidade do Nebraska.

Da pesquisa para o uso comercial nas propriedades o processo é rápido e chega através da extensão rural. Um kit, que custa US$ 250, possibilita medir a evaporação da água nas lavouras. O primeiro kit foi instalado em 2005. Hoje, mais de 400 produtores já usam o equipamento. É uma ajuda para saber qual a necessidade de água ao longo do ciclo. Outro equipamento mede a energia que a planta precisa para retirar água do solo. Sensores monitoram como está a situação da lavoura  próximo da raiz das plantas.

O extensionista Gary L. Zoubek explica que desde que começaram a desenvolver esta tecnologia, mais companhias de irrigação estão interessadas em tornar mais fácil o manejo do produtor.

? Fazendo isso nós vamos ter novas opções e mais produtores vão começar a utilizar essa tecnologia. Agora nós estamos trabalhando com 15 produtores, com mais de 300 hectares, no Estado do Nebraska. Nós esperamos que esses produtores incentivem outros agricultores da comunidade a segui-los ? diz Zoubeck.

Um deles é o produtor Jerry Stahr, que instalou os equipamentos e ajuda neste processo de divulgar os dados monitorados na propriedade.

? Você tem mais informações para saber qual é o seu limite. Em outras palavras, você consegue saber melhor como está o seu solo: quando deve começar e quando deve parar de irrigar. Nós jogamos um jogo todo ano, quanto mais confiável for o sistema, mais tempo continuamos no jogo. Eu tenho jogado o jogo há anos, e espero continuar jogando, mas nunca sabemos o que pode acontecer. Então, tentamos continuar jogando, tendo uma análise confiável da lavoura e tentando conservar. E isso é tudo que estamos tentando fazer aqui. Acho que é educação: nós temos que dividir informação e, se mais produtores disponibilizarem informações de suas lavouras, melhor para todo mundo. Precisamos trabalhar juntos ? garante Stahr.