Paste this at the end of the

tag in your AMP page, but only if missing and only once.

Série Retrospectiva, Perspectiva 2014 mostra a safra recorde de soja no Brasil

Apesar da valorização do grão no país, o avanço da lagarta Helicoverpa armigera e os problemas logísticos oneraram o custo dos produtoresOs produtores de soja brasileiros têm muito a comemorar com os resultados de 2013, que termina com saldo positivo para o setor. Além da safra recorde de 81 milhões de toneladas, o preço do grão se manteve elevado. Para 2014, a expectativa é de crescimento na produtividade e otimismo para enfrentar problemas históricos, como a falta de infraestrutura para o escoamento.

>> Leia mais notícias sobre o setor

A safra foi 25% maior que a anterior. Do total, 42 milhões de toneladas foram exportadas, principalmente para a China. A saca de 60 quilos foi vendida acima de R$ 60,00. A variação cambial e a queda da safra norte-americcana motivaram a valorização do grão brasileiro.

– O consumo positivo segurou a saca em torno de R$ 60,00, R$ 70,00 por saca em 2013. No ano passado, os preços estavam maiores e alcançaram patamares próximos a R$ 80,00. De qualquer forma, os dois anos foram bastante remuneradores para o produtor, mesmo que os preços de 2013 tenham sido inferiores aos de 2012. A recuperação da safra norte-americana fez com que as cotações caíssem mais este ano – explica o analista da FC Stones, Glauco Monte.

– A gente sempre procurou trabalhar numa média. Então, quem se antecipou com contratos, pegou preços bons. No momento da colheita, ocorreu uma deprimida nos preços, mas na média geral, em virtude da demanda bastante aquecida em termos de exportação e de mercado interno, os níveis foram mantidos – afirma o agricultor Saddi Secco.

Apesar do bom momento, houve dificuldades. O combate à lagarta Helicoverpa armigera e outras pragas elevou o custo de produção e reduziu a produtividade nas lavouras.

>> Acesse o especial De olho na lagarta

– Esse ano nós tivemos problemas bem pontuais com a helicoverpa e não estávamos preparados. Ela tirou o potencial produtivo das lavouras de soja em torno de 4, 5 sacas por hectare – acrescentou Secco.

– Nós tivemos, no caso da Bahia, 200% de incremento de custo com relação à safra anterior. Só os fertilizantes subiram 15%. No Brasil, tivemos 31% de aumento de custo, o que não é pouco – pontua o presidente da Aprosoja, Glauber Silveira.

A rentabilidade do produtor também foi comprometida pela falta de infraestrutra e logística para escoar a produção. Devido aos congestionamento nos portos do Sul e do Sudeste, o valor do frete ficou 50% mais caro.

– Foi um ano difícil. Tivemos o desafio de embarcar, de tirar do interior, de levar para o porto e colocar no navio para mandar para os nossos mercados consumidores um volume  expressivo: quase 43 milhões de toneladas de soja, 15 milhões de farelo, 1,3 milhão de toneladas de óleo. Infelizmente, ao longo dos últimos 20, 30 anos, não tivemos mudanças estruturais de transporte. A safra era muito pequena. Hoje, ela é enorme e nós temos a tarefa e a missão de atender o mercado e movimentar o produto, só que estamos utilizando as mesmas estradas, não houve investimento algum. Isso está fazendo com que a gente tenha muita ineficiência e custos muitos mais altos do que outros países, o que deprime a renda do produtor rural – destaca Fabio Trigueirinho, secretário-geral da Abiove.

Para 2014, a promessa do setor é que um novo recorde seja alcançado. Com uma área de cultivo de 29 milhões de hectares, a expectativa é de uma safra de 90 milhões de toneladas de soja, o equivalente a 31% do que é colhido no mundo. Esse cenário coloca o Brasil como país líder em produção e exportação do grão.

– A expectativa é de uma produção boa. Os preços é que talvez sejam inferiores ao de 2013 por causa da superprodução. O preço fez o produtor se animar e querer plantar mais. O valor encontrado no mercado está rentável. Como o milho está menos rentável, muitos produtores migraram para a soja – destaca Glauco Monte.

O cenário para 2014 é otimista, mas algumas questões ainda preocupam os produtores. O ataque de pragas e a logística deficiente limitam o potencial da soja no país.

– A gente tem um cenário de safra maior e, para o ano que vem, esperamos que esses custos sejam revistos. Que o governo faça as políticas necessárias para que você possa ter fertilizantes mais competitivos. Precisamos ter o maior número de produtos disponíveis para o manejo adequado da helicoverpa – ressalta Glauber Silveira.

– O próximo ano deve ter uma redução no preço, mas pequena, da ordem de 10% a 15%. Em outras palavras, os preços ainda serão bastante remuneradores. Então, nós temos uma condição de trabalho muito boa. Os produtores plantaram uma tecnologia de padrão muito elevada – avalia Trigueirinho.

– Nos últimos dois anos, não ampliamos a área plantada. Nós procuramos focar mais na produtividade em virtude de toda uma estrutura deficitária que existe no Brasi em termos de transporte, estradas, armazéns, portos. Se crescermos mais do que o Brasil cresce, o agricultor acaba pagando a conta – conclui Secco.

Clique aqui para ver o vídeo

Sair da versão mobile