O mercado interno é responsável pelo consumo total do biodiesel produzido no Brasil. Se a proposta for aprovada e o percentual de mistura obrigatória do combustível no diesel subir de 5% para 7%, as indústrias vão ter que aumentar a produção em pelo menos 40%, passando de três bilhões para 4,200 bilhões de litros.
– A Dilma Rousseff já concordou com o aumento da mistura obrigatória. Primeiro para 6%, que seria em março, depois, a partir de novembro, para 7%. A própria presidente reconhece a importância e já se manifestou favoravelmente – salienta o presidente da União Brasileira do Biodiesel e Bioquerosene (Ubrabio), Odacir Klein.
O óleo de soja é a principal matéria-prima utilizada, representando 75%, seguida pela gordura animal, 15%. Apenas 2% do biodiesel é produzido a partir do óleo reciclado, ou óleo de cozinha, com adição de outros resíduos.
– O aumento de 5% para 7 % na mistura obrigatória vai promover o aumento da reciclagem do óleo de cozinha. Podemos aproveitar 98% do óleo de cozinha – destaca o diretor superintendiente da Ubrabio, Donizete Tokarski.
De olho nesta fatia do mercado, a Embrapa Agroenergeia criou um projeto em parceria com a Companhia de Saneamento Básico do Distrito Federal (Caesb) e vai fabricar biodiesel a partir do óleo reciclado. Uma usina experimental está sendo construída e a estimativa é que cerca de 30 mil litros do combustível sejam produzidos por mês.
– A reação de produção do biodiesel é normal e simples. O óleo junto com o álcool, que neste caso vai ser o metanol, se transforma em biodiesel. Vamos ter uma ideia real do custo quando estiver em operação. Como nós estamos usando um resíduo, a expectativa é que seja mais barato do que quando se usa o óleo de soja ou óleo de girassol – afirma o chefe de transferência de tecnologia da Embrapa, José Manuel Cabral.
Segundo a Caesb, que é responsável pela coleta do resíduo, o projeto deve trazer muitos benefícios.
– O óleo se lançado dentro da pia pode causar entupimento e transbordamento. Esses transtornos geram um impacto ambiental e de saúde pública muito grande. Com a população não lançando na rede, a economia pode ser de R$ 500 mil por ano em função da melhoria das instalações da Caesb – diz a gerente de educação hidrosanitária Zélia de Souza.
As obras na usina experimental devem ser concluídas em abril e a inauguração está prevista para o mês de junho. A expectativa da Embrapa é que, depois de pronto, o projeto seja aplicado em outras cidades.
– Pretendemos que esse projeto seja uma demonstração, uma vitrine, e que as cidades de médio e grande porte possam utilizar a mesma ideia – diz Cabral.
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