— É preciso que o produtor tenha financiamento, para não vender barato o seu café. É importante que ele possa segurar e vender ao longo dos meses, esperando o melhor preço — disse ele, que participaria nesta quinta de evento na BM&FBovespa, no qual serão celebrados os 80 anos de cooperativismo e os 55 anos da Cooxupé, a maior cooperativa de café do mundo, instalada no sul de Minas.
Paulino da Costa explicou que a ideia não é o governo fazer retenção da oferta, como chegou a ser veiculado de modo “desvirtuado” na imprensa.
— O setor precisa de linha de crédito para ordenar melhor suas vendas, evitando pressão de oferta no início da colheita — justificou.
De acordo com recente decisão do Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC), órgão que reúne governo e iniciativa privada do café, serão liberados R$ 2,450 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé), dos quais R$ 1,5 bilhão para a linha de estocagem; R$ 500 milhões para custeio e colheita, que, no vencimento, poderão ser convertidos em estocagem; R$ 250 milhões destinados ao Financiamento para Aquisição de Café (FAC) e outros R$ 200 milhões para uma linha de capital de giro para a torrefação. A decisão precisa ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Paulino da Costa salientou que dificilmente o país conseguirá recompor parte dos estoques nesta safra, mesmo que a produção alcance recorde de 50 milhões de sacas de 60 kg, conforme estimativas oficiais.
— Estamos bebendo muito café e exportando volumes consistentes. As 50 milhões de sacas serão suficientes apenas para abastecer o mercado interno e exportação — observou.
De acordo com ele, é importante o país ter excedentes, já que a safra 2013 será menor do que a deste ano, por causa da bienalidade do café arábica (alternância de grande produção com outra menor no ano seguinte).
— A safra deve ser boa, mas não será uma supersafra. Creio que as previsões oficiais da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) estão dentro da realidade — comentou.
Ele explicou, no entanto, que a seca de fevereiro “judiou um pouco dos cafezais”.
A Cooxupé espera receber neste ano cerca de seis milhões de sacas de café, em comparação com 4,8 milhões de sacas em 2011. O bom desempenho é atribuído à bienalidade da cultura, pois na região de atuação da cooperativa espera-se uma safra cheia este ano. Em 2011, o faturamento da cooperativa alcançou R$ 3 bilhões. A previsão inicial indica faturamento de R$ 3,6 bilhões em 2012, “mas vai depender dos preços do café. Se as cotações continuarem em queda, certamente o faturamento será menor”, argumentou.
Paulino da Costa mostrou-se otimista com os fundamentos do mercado do grão.
— O consumo não caiu e outros países produtores estão enfrentando problemas de quebra de safra. O problema é que existem muitas outras incógnitas, como a superação da crise financeira na Europa e a taxa de câmbio, que dificultam cravar tendência para as cotações da commodity — concluiu.