A indústria brasileira de calçados é a terceira maior do mundo. São mais de 9,2 mil em 712 cidades. Mas a competição com mercadorias do exterior, principalmente da Ásia, está prejudicando o desempenho do setor.
? O Brasil aprovou uma medida antidumping contra as exportações da China. Cada sapato chinês que entra no país deveria pagar US$ 13 de tarifa, mas os importadores fraudam o governo e dizem que o sapato vem do Paraguai, Hong Kong e o sapato não paga tarifas ? conta o presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados), Milton Cardoso.
De acordo com dados da Abicalçados, que representa os fabricantes, só de janeiro a abril deste ano, o setor registrou queda de 10,4% na produção. Na região de Birigui (SP), que se destaca nos calçados infantis, as indústrias estão revendo os planos.
Nós estamos com investimentos a repensar, já freados. Os planejamentos das fabricas começam em setembro e já estão repensando se devem, e o quanto devem investir porque há um clima de incerteza ? explica o presidente do Sindicato das Indústrias de Calçados de Birigui, Sérgio Gracia.
Essas preocupações ganharam destaque na abertura da Francal, em São Paulo. A indústria calçadista voltou a pedir atuação mais firme do governo.
? Nós temos antidumping contra a China e não contra Hong Kong, Malásia. Isso deve afetar o mercado brasileiro, pois concorre e pode diminuir a produção e geração de empregos ? esclarece o presidente da Francal, Abdala Jamil Abdala.
Tendência que, segundo o presidente da Abicalçados, pode ser revertida.
? Uma tendência de redução de empregos, mudança da empresas para outros países. Se cumprirem as leis a indústria de calçado entra numa maré positiva e pode gerar até 70 mil empregos adicionais ? afirma Cardoso.
Apesar das preocupações, há quem ainda se mostre otimista. O gestor da indústria calçadista, Célio Rogério Muller, investiu mais de R$2 milhões só neste ano. Ele garante que é preciso trabalhar a qualidade para não perder espaço no mercado.
? Dá para avançar no mercado nacional, infelizmente sempre vai ter a preocupação da entrada de um produto chinês ou do Vietnã, mas se estudar não tem o que temer ? conclui.