Setor da cana-de-açúcar registra queda no número de trabalhadores no interior de São Paulo

Sem encontrar mão de obra, muitos produtores estão recorrendo à mecanizaçãoA quantidade de empregos formais no Brasil cresceu, mas em contrapartida, na agricultura a mão de obra é cada vez menor. As informações fazem parte das estatísticas de novembro de 2013, do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED). No agronegócio, o setor da cana-de-açúcar é um dos que mais registra perdas dos postos de trabalho.

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O município de Piracicaba, no interior de São Paulo, já foi o maior pólo de produção de cana-de-açúcar do país. Porém agora a realidade é outra, a cada ano a produção vem diminuindo. As dificuldades do setor e a redução de produtores, principalmente os pequenos, estão entre as causas. Outro fator que tem contribuído para o encarecimento da cultura é a mão de obra, cada vez mais escassa. Segundo o presidente Associação dos Plantadores de Cana de Piracicaba (Coplacana), José Coral, em 70 municípios da região, no ano de 2012 havia cerca de 18 mil funcionários dedicados a cultura canavieira. Em 2013 o número caiu para 14 mil, há dez anos havia cerca de 36 mil trabalhadores na região.

Sem encontrar mão de obra, muitos produtores estão recorrendo à mecanização. É o caso do agricultor Clóvis Casarim. Além da cana, ele produz grãos e bovinos, mas está trocando a força humana pela mecânica o quanto pode. Para Casarim, a falta de trabalhadores está ligada com a concorrência com programas sociais do governo e com a indústria.

– A grande dificuldade que tenho é que como há uma grande oferta de trabalho na cidade, as pessoas não têm mais interesse em trabalho rural, seja tratorista, seja qualquer tipo de mão de obra. Não há mais interesse. O próprio governo está incentivando o trabalhador deixar o campo. Aqui, um trabalhador receberia R$ 1.300. Porém, na cidade, com todos os cartões que o governo disponibiliza, a renda fica em R$ 2.200, são R$ 900 a mais, é muito mais atraente – diz o produtor

Nas 250 agências de emprego espalhadas pelo Estado de São Paulo, os dados mostram estabilidade no número de vagas: em 2012 foram oferecidas 1755 vagas no campo, quase o mesmo que em 2013. Segundo o diretor regional da Secretaria do Emprego e Relação do Trabalho (SERT) de São Paulo, Eufrozino Pereira da Silva, o número é insignificante, diante do principal concorrente, a indústria, que apenas na última semana do ano ofereceu mais de 1600 vagas para alimentador ou auxiliar de produção industrial. Durante todo o ano foram mais de 123 mil vagas (123.230) para os dois cargos, quase 70 vezes mais. A remuneração, porém, são parecidas. Os salários oferecidos pelo campo começam em cerca de R$ 900, já as indústrias partem de uma média de R$ 1.000 por jornadas que chegam a oito horas diárias.

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