– Prevemos manter o mesmo índice do ano passado – afirmou o vice-presidente da Anfavea, Milton Rego.
Em 2011, as vendas totais, para o mercado interno e externo, caíram 4,58% para 83,69 mil máquinas agrícolas e tratores, ante 87,70 mil em 2010, ano recorde do setor. Apenas para o mercado interno, as vendas foram de 65,13 mil unidades, queda de 4,7% ante 68,52 mil em 2010.
A diminuição da renda agrícola neste ano, puxada entre outros fatores pela elevação dos custos, deve frear a demanda por máquinas e tratores. O setor está mais cauteloso, disse Rego.
– Alguns fatores, como a crise internacional, tornam o produtor mais conservador – avaliou.
No lado positivo, o executivo vê a possibilidade de retomada das vendas para a agricultura familiar ao longo do ano. A partir do segundo semestre de 2011, as vendas relacionadas ao programa Mais Alimentos, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), diminuíram em função da concentração das operações na Região Sul do país, onde este segmento é mais organizado.
O Mais Alimentos foi responsável em grande parte pelos números recordes do setor em 2010. As vendas de tratores por meio do programa chegaram a representar 45% das vendas naquele ano.
O desafio, agora, é expandir o programa para outras regiões. Segundo Rego, após reuniões com representantes da Anfavea e da Abimaq, o MDA sinalizou estratégias para a extensão do programa para outras regiões do país. O setor de máquinas espera novidades para o primeiro trimestre deste ano, que podem vir na forma de um fundo garantidor, que daria maior segurança para que os bancos atuem em regiões como o Nordeste, cobrindo eventuais perdas.
– O fundo seria uma alternativa e estaria dentro da política de combate à pobreza já que o financiamento seria uma forma de garantir renda para as populações agrícolas – disse o executivo.
Além de negociar a extensão do programa para a agricultura familiar, o setor de máquinas espera que o Programa de Sustentação do Investimento (PSI) seja convertido numa política de financiamento do Plano Safra.
– Temos negociado isso com o governo – afirma Rego.
O PSI tem validade até 31 de dezembro de 2012. Por meio dele, os produtores podem adquirir máquinas ao custo de uma taxa de juros subsidiada de 6,5% ao ano.
Brasil retomará mercado argentino após investimentos
Depois de muitos entraves no ano passado, a indústria brasileira de máquinas agrícolas deve retomar em 2012 o mesmo patamar de vendas para a Argentina de 2010. Isso porque, no segundo semestre de 2011, as três maiores empresas do setor que atuam no Brasil – CNH, AGCO e John Deere – anunciaram investimentos industriais no país vizinho, uma demanda do governo local. Por esse motivo, a liberação das licenças de importação foi normalizada pela administração Cristina Kirchner.
As licenças, que muitas vezes demoravam mais de seis meses para serem liberadas, estavam sendo utilizadas como um mecanismo para barrar as importações de bens de capital agrícola do Brasil.
– As empresas que anunciaram investimentos sempre tiveram uma atuação na Argentina e recentemente anunciaram investimentos. Por isso, acreditamos que não ocorrerão problemas neste ano. Esperamos voltar ao patamar de 2010 – disse Rego.
A Argentina é o principal destino das exportações de máquinas brasileiras. A exemplo do Brasil, o país também é uma potência agrícola. Neste ano, apesar da quebra na safra de soja e milho por causa da estiagem, os produtores locais deverão colher perto de 100 milhões de toneladas de grãos. Em 2011, as vendas para o vizinho caíram 37%, para 3,05 mil unidades (16,6% do total), de 4,84 mil (25,3% do total) em 2010, de acordo com dados da Anfavea. No total, as exportações para o mercado externo foram de 18,37 mil, ante 19,17 mil em 2010.
No segundo semestre de 2011, a AGCO anunciou investimento de US$ 140 milhões em uma nova fábrica de tratores e motores na Argentina. A CNH informou que vai construir no país uma fábrica para produção de colheitadeiras e tratores destinada ao mercado latino-americano, com aporte de US$ 100 milhões. A John Deere, por sua vez, informou investimento na ampliação de uma unidade de motores de máquinas agrícolas que passará a fabricar também tratores e colheitadeiras.