A região Centro-Oeste precisa de R$ 36,4 bilhões em investimentos até 2020 para garantir o escoamento ágil e eficiente da produção. Esse é o valor necessário à execução dos 106 projetos prioritários indicados pelo estudo para melhorar a infraestrutura de transportes de Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A execução dos projetos prioritários para a construção de uma malha logística mais ágil e eficiente trará uma economia anual de R$ 7,2 bilhões no escoamento da produção aos mercados interno e externo, considerando-se o volume de cargas projetado para 2020.
O Centro-Oeste é responsável por quase a metade dos grãos produzidos no Brasil. Neste contexto, a presidente da CNA, senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), destaca que, embora 56% da produção nacional situem-se no chamado Arco Norte, apenas 14% são escoados pelos portos do Norte e Nordeste.
– Só com investimentos maciços em infraestrutura será possível inverter esta lógica que sobrecarrega os portos do Sul e do Sudeste, baixando os custos do transporte e preservando o meio ambiente – diz Kátia Abreu.
Um caminhão que sai do Centro-Oeste e roda até dois mil quilômetros para chegar aos portos do Sul e Sudeste consome, em média, oito litros de combustível por quilômetro e emite 129 gramas de monóxido de carbono. Se a mesma carga seguir por ferrovia até o porto, o consumo de combustível cairá para seis litros e a emissão de monóxido de carbono, para 104 gramas. As vantagens do transporte hidroviário são ainda maiores. Uma chata gasta a metade do combustível usado por um caminhão e emite apenas um terço dos gases poluentes liberados nas estradas.
Obras prioritárias
De acordo com a pesquisa, apenas 19 das 106 obras prioritárias estão em andamento, o que equivale a 16,4% dos investimentos necessários na região. Outras 70 estão em fase de projeto ou apenas nos planos do poder público. Essas 106 obras, quando concluídas, formarão 10 eixos logísticos integrados. Cada eixo é composto por dois ou mais modais de transporte complementares que garantirão o escoamento eficiente da produção, da porta da fábrica ao embarque no porto.
Os principais investimentos deverão ser destinados a ferrovias e portos, recomenda o estudo. O transporte ferroviário demandará R$ 17,5 bilhões – 24,5% dos investimentos prioritários – para execução de 26 projetos. A estrutura portuária exigirá R$ 8,4 bilhões para tirar 24 projetos do papel nos próximos anos. O maior número de projetos considerados urgentes, porém, está no modal hidroviário. O transporte fluvial necessitará de R$ 6,7 bilhões em investimentos em 34 obras essenciais para melhorar o sistema logístico da região.
Principais gargalos
A pesquisa destaca que o adiamento das obras consideradas prioritárias agravará os problemas que as empresas enfrentam para escoar a produção em rodovias, ferrovias e portos já saturados pelo crescimento da demanda nos últimos anos. Entre os gargalos já considerados críticos no modal rodoviário, há três trechos da BR-163, em Mato Grosso. No trajeto entre Lucas do Rio Verde e Posto Gil, o mais congestionado, a movimentação chega a 83 mil toneladas por dia, 213,5% acima da capacidade da via. Na BR-364, entre Rondonópolis e Alto Araguaia, passam 78,7 mil toneladas por dia, volume 202,5% superior à capacidade da rodovia.
As ferrovias também devem receber investimentos para eliminar pontos de saturação e evitar piora dos gargalos existentes. O caso mais crítico, caso nada seja feito até 2020, é o da ALL Malha Oeste, no trecho entre Corumbá e Campo Grande, em Mato Grosso do Sul. De acordo com as projeções de aumento no fluxo de cargas, a demanda prevista para 2020 terá superado em 822,3% a capacidade diária de movimentação de carga da ferrovia.
Produção regional
A produção industrial do Centro-Oeste movimentou R$ 81,6 bilhões em 2010. Desse total, 75% estão concentrados em 15 cadeias produtivas instaladas na região: adubos e fertilizantes, algodão, avicultura, bebidas, bovinos, calcário, cana de açúcar, cobre, ferro e aço, madeira, milho, petróleo e derivados, químicos industriais, soja, veículos e autopeças.
De toda produção industrial, 75% estão concentrados em 12 produtos das 15 grandes cadeias produtivas priorizadas: carne bovina, óleo de soja, farelos de soja, álcool, carne de aves, açúcar, ração animal, adubos e fertilizantes, biodiesel, leite, refrigerantes, cervejas e cimentos. Na agropecuária, as cadeias de cana-de-açúcar, bovinos, soja, milho e algodão representam 95% da produção da região.
De acordo com o estudo, para solucionar todos os problemas logísticos da região, seria necessário investir R$ 159 bilhões em 308 projetos de ferrovias, rodovias, hidrovias, portos, aeroportos e dutos. Com base na publicação, porém, a CNI e a CNA propõem a execução urgente dos 106 projetos que oferecem a maior economia com custos logísticos. Isso porque, executando-se 34,4% das obras necessárias pode-se alcançar 64,9% da redução nos gastos com o transporte de carga.
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