? Estamos levantando essa bandeira junto às autoridades ? afirma o presidente da Associação Brasileira de Agribusiness (Abag), Carlo Lovatelli.
Usando como exemplo a cadeia produtiva da soja, ele explica que a alta carga tributária incide, principalmente, sobre os produtos de maior valor agregado, como o óleo e o farelo. Segundo Lovatelli o que é cobrado atualmente prejudica a competitividade do produto brasileiro no mercado internacional.
? O Brasil está dando um tiro no pé ? afirma.
Para ilustrar melhor o problema, ele faz um comparativo do Brasil com a Argentina. De acordo com Carlo Lovatelli, os vizinhos exportam o que têm e o que não têm, enquanto a indústria brasileira permanece com capacidade ociosa. Sem a reforma tributária, avalia, o Brasil continuará a perder terreno para os demais competidores do mercado.
Outro segmento que reclama mudanças no sistema de cobrança de impostos no país é o de máquinas e equipamentos. Para o presidente da associação que reúne o setor, a Abimaq, Luiz Aubert, o Brasil, em vez de incentivar, penaliza que compra maquinário para reforçar a produção.
? Perdemos mercado, tecnologia e competitividade. Para retomar, nosso setor precisa crescer 10% a 12% durante seis, sete, oito anos seguidos.
A chave é desonerar o setor. O presidente da Abimaq explica que, no Brasil, os prazos de pagamentos das máquinas são menores e os juros altos, em torno de 18% ao ano. Nos concorrentes, segundo Aubert, ocorre o contrário, com prazos de pagamento de até 10 anos e juros na faixa dos 3%.
? Haja competência do empresariado brasileiro para competir com isso ? lamenta Luiz Aubert.
O setor de máquinas e equipamentos reivindica também mais inovação tecnológica, baseada na melhoria da educação desde a básica até a superior e uma mudança na política de exportações, com atenção maior a produtos de valor agregado.
Reforma e ano eleitoral
Integrante da Comissão de Agricultura da Câmara e autor do pedido de audiência na Agrishow, o deputado Duarte Nogueira (PSDB-SP), confirmou que o órgão incluiu a reforma tributária na pauta do encontro com representantes do setor produtivo.
O parlamentar demonstrou preocupação com a influência do calendário eleitoral deste ano na apreciação da reforma. Duarte Nogueira disse que, como autor da proposta, o governo é o responsável por evitar que as eleições municipais não atrapalhem ainda mais a discussão sobre o sistema de impostos do país.
? A reforma só não sairá se o governo não mobilizar sua maioria, que tem dado facilidade à aprovação de outros projetos no Congresso, com a mesma energia para poder viabilizar a reforma tributária.
Na opinião do deputado, a melhoria do sistema de cobrança de impostos no país inclui melhorar a eficiência, reduzir a burocracia e as despesas de pessoas físicas e jurídicas para se manterem em dia com o Fisco e não aumentar a carga tributária.
Duarte Nogueira informou ainda que devem estar entre os temas da reunião a tese de que a produção de biocombustíveis prejudica a de alimentos, contestada pelo governo, lideranças políticas e do setor produtivo, e o endividamento dos produtores rurais.