O assessor da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) Flávio Turra, diz que existe um consenso no setor de que é preciso primeiro avaliar quais medidas serão adotadas quando houver forte contaminação da micotoxina desoxinivalenol (DON) e o cereal for rejeitado pelo mercado. A micotoxina DON é produzida por uma doença chamada giberela (fusariose), provocada por um fungo. Além de alguns fatores como manejo da lavoura e cultivares suscetíveis, a incidência tende a ser maior nos anos de excesso de chuvas durante a colheita.
De acordo com resolução da Anvisa, a partir de 1º de janeiro, os limites máximos admitidos da mitoxina DON serão de três mil microgramas por quilo/partes por bilhão (ppb) para o grão, dois mil partes por bilhão para o farelo e 1,75 mil partes por bilhão para a farinha. Segundo a literatura médica, a exposição a níveis elevados de DON pode desencadear vômito, perda de peso, dores abdominais, diarreia e imunossupressão.
O assessor de relações institucionais da Associação Brasileira das Indústrias do Trigo (Abtrigo), Reino Pecola Rae, afirmou que os moinhos vão preferir o cereal com menor contaminação de DON, pois o regulamento é mais severo em relação à farinha.
? A medida acabará favorecendo a importação do cereal com menor teor de micotoxina ? diz.
Flávio Turra comenta que é preciso levar em conta que a contaminação pela micotoxina ocorre em campo, por fatores climáticos, que escapam ao controle do agricultor. Ele critica o fato de a Anvisa ter adotado padrões europeus, que fogem às características da agricultura tropical.
Ele aponta que também existe preocupação em relação aos estoques públicos, pois a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) tem 687,5 mil toneladas de trigo estocadas.
? De quanto será o prejuízo da Conab caso este trigo tenha contaminação da micotoxina DON acima do limite que passará a vigorar no próximo ano? ? questiona.