A geografia da cana-de-açúcar em Minas Gerais foi formada nos últimos cinco anos. A cultura está presente em 115 municípios e, das 43 usinas em atividade, 23 estão na região do Triângulo Mineiro. Uberaba é o segundo maior produtor, com 54 mil hectares, logo atrás de Frutal, que tem 59 mil hectares de área plantada.
O produtor de cana Raul Archangelo começou a cultivar o produto em 2008 e, hoje, conta com 170 hectares. Ele sente o reflexo de quem iniciou fornecendo para novas usinas, que trabalham somente com etanol ? sem um mix com açúcar, está recebendo R$ 10 a menos por tonelada. Já João Guidi Junior tem mil hectares e vinha notando crescimento de 25% ao ano. Nesta safra, não aumentou a área plantada, preocupado com os custos de produção.
No ano passado, o excesso de chuva atrasou a colheita e muitas usinas não pararam, tendo de dar continuidade uma safra após a outra. Desta vez, a moagem seguiu o cronograma normal e a entressafra será de dezembro a março. O problema enfrentado pelos produtores este ano foi a seca, que provocou uma quebra de 10% na produção mineira.
A evolução dos valores pagos pela tonelada revela o final de uma crise. Em 2007, a tonelada ficou em R$ 33,50; em 2008, subiu para R$ 38 e, no ano passado, fechou em R$ 48 a tonelada. Agora, a cana-de-açúcar volta a remunerar os agricultores: em Minas Gerais, o preço já chega aos R$ 54.
Durante esse período de instabilidade, 20% dos produtores independentes de Minas Gerais não resistiram e abandonaram a atividade.