264 EMPRESAS

Recuperação judicial: agro tem alta de 20,5% no 3º tri no número de empresas

Avanço teria sido impulsionado por queda nos preços das commodities, elevação dos custos de produção e alto nível de endividamento dos produtores rurais

colheita de soja
Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA

O setor agropecuário brasileiro registrou um aumento de 20,5% no número de empresas em recuperação judicial no terceiro trimestre de 2024, totalizando 264 empresas no período, de acordo com o Monitor RGF de Recuperação Judicial.

O avanço teria sido impulsionado pela queda nos preços das commodities, elevação dos custos de produção e alto nível de endividamento dos produtores rurais.

No terceiro trimestre, 39 novas empresas do setor entraram em recuperação judicial, mais que o dobro das 15 do segundo trimestre. No mesmo período, 18 empresas deixaram a recuperação judicial; dessas, oito retornaram à operação normal, duas faliram e oito tiveram o registro inativado na Receita Federal.

A pesquisa da RGF indica que cinco atividades concentram 75% das recuperações judiciais no setor agropecuário:

  • cultivo de soja, com 80 empresas,
  • criação de bovinos para corte, com 54,
  • cultivo de cana-de-açúcar, com 42,
  • serviços de preparação de terreno, cultivo e colheita, com 12, e
  • cultivo de milho, com 11.

Em termos regionais, São Paulo e Goiás lideram com 46 empresas agropecuárias cada em recuperação, seguidos por Mato Grosso, com 43, e Rio Grande do Sul, com 35.

O aumento nos pedidos de recuperação judicial se estendeu a outros setores no Brasil. No total, o número de empresas em recuperação judicial no país alcançou 4.408 no terceiro trimestre, um crescimento de 4,4% em relação ao trimestre anterior e o maior patamar dos últimos 15 meses. A proporção de empresas em recuperação no Brasil subiu de 1,84 para 1,90 a cada mil empresas ativas, segundo o levantamento da RGF.

Em nota, Rodrigo Gallegos, sócio da RGF, afirmou que o aumento nos pedidos de recuperação judicial reflete a estratégia de algumas empresas de focarem em renegociações de curto prazo, postergando dívidas sem abordar questões estruturais. “É fundamental que as empresas combinem a renegociação de dívidas com um aumento da capacidade de geração de resultados, o que depende de uma revisão de estratégia e operação”, disse Gallegos.

A análise da RGF indica que o número de processos de recuperação judicial deve continuar a crescer, influenciado pela manutenção da Selic em níveis elevados e pela restrição ao crédito. “Nesse cenário, as empresas com alto endividamento enfrentam dificuldades para honrar despesas financeiras em um ambiente de crédito escasso, o que cria uma situação desfavorável para os próximos meses”, alertou Gallegos na nota.

Minas Gerais teve o maior crescimento no número de empresas em recuperação judicial, com 47 novos casos, totalizando 297 empresas. O Rio Grande do Sul registrou um aumento de 35 casos, alcançando 396 empresas. São Paulo, em contrapartida, teve uma leve redução, passando de 1.279 para 1.255 empresas em recuperação judicial.