Sindalcool estima quebra de 9% na produção de cana em Mato Grosso

Previsão inicial era de moagem de 14,1 milhões de toneladas de canaA forte estiagem em Mato Grosso, que em algumas regiões atinge o terceiro mês, deve provocar uma quebra de 9% na produtividade dos canaviais nesta safra. A estimativa é do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindalcool/MT) que, no início da safra, previa a moagem de 14,1 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.

Segundo o diretor-executivo Sindalcool/MT, Jorge dos Santos, até agosto a entidade mantinha a previsão inicial, pois a perda de produtividade era compensada pelo aumento do teor de açúcar (ATR) nos canaviais. Ele explica que a situação complicou com o atraso das chuvas em setembro e a preocupação agora é com o impacto na próxima safra, cuja colheita deve começar mais tarde.

Santos calcula que a perda de produtividade dos canaviais deve provocar uma redução de 3% na previsão inicial de produção de 850 milhões de toneladas de álcool e 480 mil toneladas de açúcar. A moagem de cana em Mato Grosso se mantém praticamente estável em relação ao ano passado, quando foram moídas 14,05 milhões de toneladas. Existe a previsão de a usina da ETH Bioenergia localizada no Alto Taquari (ex-Brenco) entrar em operação este ano, mas a empresa deve iniciar testes de moagem apenas em novembro. A ETH tem 1,5 mil de hectares de cana cultivados e deve iniciar a moagem efetiva em março do próximo ano.

O mix de produção do setor sucroalcooleiro mato-grossense se mantém em 65% de etanol e 35% de açúcar, sem acompanhar a tendência nacional de redução da participação do volume de combustível. O etanol continua preponderante por causa da logística, que reduz a competitividade da exportação de açúcar produzido em Mato Grosso, apesar dos bons preços da commodity.

Queimadas e mortes

O Sindalcool não registrou nenhuma ocorrência de perda de produção por conta dos focos de queimadas que aumentaram drasticamente este ano em Mato Grosso. Houve dois acidentes envolvendo três trabalhadores durante a queima da cana-de-açúcar, que resultaram na morte de duas pessoas. Os acidentes ocorreram nas usinas Pantanal e Jaciara, pertencentes ao Grupo Naoum. O juiz da Vara do Trabalho de Jaciara, Wanderley Piano da Silva, determinou a suspensão de todas as queimadas nas fazendas das usinas.

Jorge dos Santos afirmou que usinas prosseguem com colheita manual, sem a queima da palha, o que torna o serviço mais demorado e menos rentável. Ele diz que o acidente foi uma fatalidade, pois a realização da queimada seguia todos os procedimentos de segurança, como roupas apropriadas dos trabalhadores e caminhões-pipa.

? Eles (os trabalhadores) tinham experiência, mas foram surpreendidos por uma mudança de vento, que formou um redemoinho ? diz Santos.