O Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg) alerta para a possibilidade de gargalos na entrega de defensivos agrícolas no Brasil por conta do coronavírus. “Não vejo ainda um sinal vermelho, mas amarelo”, disse o presidente da entidade, Júlio Borges.
Ele comenta que até o momento não há qualquer tipo de atraso na entrega dos produtos, mas como algumas fábricas paralisaram as atividades na China, origem da maioria dos agroquímicos que chegam ao produtor rural, houve um atraso na chegada de matéria-prima e produtos intermediários em diversos países.
“Cerca de 90% das indústrias que pararam na China já estão retornando, mas o que nos preocupa é a cadeia logística. Há uma preocupação se teremos um gargalo logístico no Brasil”, comenta.
Ele afirma que por conta da crise do coronavírus, as indústrias estão tentando se preparar, mas que os produtos ainda estão em produção no país asiático. “No Brasil, esse não é o maior momento de produção, mas sim em maio, julho e julho. Não temos casos de coronavírus nas nossas fábricas, então por enquanto estamos tentando nos antecipar e nos preparar para qualquer caso também”.
Antecipação das compras
Borges relata ainda que com a disparada do dólar, em níveis acima de R$ 5, muitos agricultores anteciparam as compras de defensivos agrícolas. Por outro lado, como quase 90% dos agroquímicos são comercializados com base na moeda norte-americana, os custos das indústrias aumentaram.
“Com certeza existem estoques baseados no custo anterior, com média de câmbio do ano passado, talvez em algumas cooperativas e alguns estoques, mas que ainda não conseguimos estimar”, completa. Ele afirma que será preciso diagnosticar quais são essas oportunidades.
Possibilidade de paralisação das fábricas
O Sindiveg afirma que está adotando todas as medidas necessárias para evitar a disseminação da doença, com algumas equipes já trabalhando de casa. No entanto, a entidade diz que a indústria segue funcionando.
“Os processos são automatizados, não há tanta proximidade, mas há preocupação no refeitório. O que temos feito é tentar segregar pessoas, criando mais turnos, horários alternados, para evitar suspender as atividades por alguma contaminação”.