A família de João Benassi planta uva desde a década de 1930 em seu sítio de 83 hectares em Itupeva, a 73 quilômetros da capital paulista. Este ano, primeira vez, o produtor resolveu mudar a forma de plantio. Em vez de ficar próxima do solo, como na forma tradicional, agora a uva é cultivada num sistema conhecido como Y.
A videira é plantada de 80 centímetros a um metro acima do solo e presa com arames ou fios que a deixam longe do chão. Dessa forma, o trator consegue passar por entre as videiras, aplicando os defensivos e facilitando a colheita. Essa é uma das formas que o produtor encontrou para driblar um problema que atinge o campo: a falta de mão de obra.
– Você consegue trabalhar com menos funcionários, tem uma qualidade melhor. Com espaçamento maior consegue fazer uma pulverização melhor e ter mais ventilação entre as parreiras. E tudo isso funciona – diz Benassi.
Além da propriedade de Benassi, outros produtores da região de Itupeva resolveram investir no sistema em Y. Por enquanto, eles não têm nenhuma reclamação e os resultados são positivos. Para que tudo funcione corretamente, Benassi contratou um engenheiro agrônomo especialmente para tomar conta da propriedade. Caetano de Souza explica que o sistema encarece o custo de produção, mas o investimento de cerca de R$ 30 mil é recuperado em pouco tempo.
– Em primeiro lugar é uma planta que consegue produzir três vezes mais do que uma planta normal, no sistema de espaldeira simples. O controle de pragas e doenças fica mais efetivo, assim como a proteção contra granizo e contra o próprio sol, que acaba tirando a qualidade da rosada – diz o agrônomo.
O sistema em Y foi desenvolvido pelo Instituto Agronômico de Campinas em diversas cidades do interior paulista. Em Jundiaí, o IAC mantém uma plantação deste tipo desde 2005. Em Itupeva, além do sistema Y, alguns produtores ainda usam a técnica de cobertura das videiras com um material plástico impermeável. O pesquisador José Luiz Hernandes, do IAC, afirma que a produtividade do fruto é ainda maior assim, e o sistema pode durar até 20 safras.
– Você tem 100% ou até mais de produtividade em relação ao sistema espaldeira. Quando associado ao sistema protegido, além do aumento da produtividade e da redução da mão de obra, você ainda tem uma redução de uso de insumos que pode chegar a 70% da quantidade de pulverização de inseticidas – diz Hernandes.
Para o pesquisador, o método pode fazer com que produtores que estão pensando em desistir da cultura, mudem de opinião.
– O produtor que entra não sai mais. As vantagens são muito grandes.
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