Entre os temas que serão abordados está o Sistema Plantio Direto (SPD) que, em se tratando de práticas sustentáveis no campo, destaca-se por conciliar a produção e a conservação da terra, propiciando ganhos ao produtor e ao meio ambiente.
– O SPD deve ser considerado um processo de gestão do solo, água e biodiversidade para máxima produção agropecuária econômica com conservação ambiental. Nesta forma de gestão agrícola se busca permanentemente a máxima rentabilidade econômica mediante a cobertura plena e continuada do solo com vegetação diversificada e integração de atividades agrícolas econômicas – explica o pesquisador Luís Carlos Hernani, da Embrapa Solos, que pesquisa o SPD há mais de duas décadas.
O pesquisador enumera que o SPD traz muitas vantagens econômicas, ambientais e sociais. A produtividade de espécies anuais, por exemplo, melhora em média em torno de 20%. Esses resultados podem variar de região para região. As perdas de solo por erosão são cerca de sete vezes menores do que em áreas onde se faz preparo de solo com grades para o plantio de soja. Já as perdas de água na enxurrada sob o SPD, nessa mesma comparação, diminuem algo em torno de cinco vezes. A matéria orgânica do solo aumenta significativamente em 50% ou mais (depende de solo, clima, arranjo de culturas, entre outros fatores), o que torna o SPD uma forma eficiente de incrementar o carbono no solo.
O SPD é uma das práticas financiadas pelo Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), do Governo Federal. De acordo com o secretário de Desenvolvimento Agropecuário e Cooperativismo, Caio Rocha, o uso dessa técnica nas lavouras brasileiras tem ampliado a partir das condições facilitadas de crédito oferecidas pelo programa. “É fundamental o fomento dessa prática nos campos brasileiros porque, além de ganhos produtivos, há os ambientais: em apenas uma década, esse sistema pode reduzir a emissão de CO2 equivalentes em até 20 milhões de toneladas”, destacou.
De acordo com Luís Carlos Hernani, o SPD, especialmente nos sistemas integrados de produção, também traz uma série de benefícios ao solo, como a melhoria na agregação e na estabilidade de agregados, na atividade e biodiversidade microbiana, incrementando a fertilidade da terra.
– Há redução de gastos com combustíveis fósseis e custos operacionais que podem atingir até 70%, além de menores custos com mão-de-obra. Em suma, a qualidade de vida e do ambiente tem muitos ganhos com esse sistema de manejo – resume. Para o pesquisador da Embrapa Solos, a taxa de crescimento da área com plantio direto no Brasil deve ser, em média, perto de 10%, ao ano.