Na segunda reportagem da série Agropecuária no Velho Continente, os repórteres Luiz Patroni e Eduardo Viné Boldt chegam à Bélgica. Eles mostram que um dos principais desafios do Brasil é reverter a imagem negativa que ainda é atribuída ao nosso sistema de produção.
Na Bélgica há mais de 1,5 mil tipos de cervejas e ainda os melhores chocolates do mundo. O pequeno país, com mais de 11 milhões de habitantes, também é famoso por sua rica arquitetura. A bolsa de valores de Bruxelas, mais parece uma obra de arte. Se o assunto é beleza, espere até conhecer a grande praça central, onde estão reunidos gigantescos castelos seculares, alguns construídos há mais de 500 anos. O lugar é tão bonito que desde 1998 é considerado patrimônio mundial pela Unesco.
A cidade de Bruxelas é considerada a capital informal da União Europeia, onde são realizadas as reuniões mais importantes, que definem as ações e o posicionamento adotado pelos 27 países que compõem o bloco. Também é onde o Brasil tem um representante com um papel difícil e ao mesmo tempo fundamental para a nossa agropecuária, de combater os ataques e defender os interesses comerciais do setor.
A embaixada é a base das operações de Odilson Luiz Ribeiro e Silva, o adido agrícola do Brasil na Europa. Há um ano na Bélgica, ele teve tempo suficiente para identificar o principal desafio da nossa agropecuária lá fora: reverter a imagem negativa que ainda é associada à produção brasileira.
? Esta imagem deturpada é produzida por interesses contrários às exportações brasileiras. E muitas vezes essas informações não são corretas, e há uma dificuldade de você colocar a informação correta na mídia e nos formadores de opinião aqui na Europa ? relata o adido.
Segundo Odílson, a classe produtora europeia vê o avanço das exportações brasileiras como uma ameaça.
? Nós estamos vivendo um momento de negociação entre a União Europeia e Mercosul e a questão agrícola é uma questão central. Se você transmite informações errôneas para quem vai tomar a decisão de aprovação do acordo, que é o Parlamento Europeu, esse acordo corre risco de aprovação e talvez de alguma aprovação de áreas que talvez não sejam do interesse do Mercosul e da União Europeia. Então seria importante trazermos informações fidedignas para quem vai tomar uma decisão, em cima de dados concretos da realidade agrícola Brasil-União Europeia. Porque muitas vezes se toma uma decisão com informações que não são as mais corretas ? complementa.
Segundo a embaixada brasileira, para mudar esta imagem e conquistar o exigente consumidor europeu, são necessárias ações agressivas de marketing e de valorização dos nossos produtos. A presença mais constante de agricultores do Brasil na Europa, como a comitiva do Paraná que visitou fazendas e empresas do setor, também é uma boa estratégia. No norte da Bélgica, onde existem 29mil propriedades rurais, o grupo se reuniu com lideranças do setor e deu um passo importante rumo ao fim deste pré-conceito.
? Sei que o Brasil é um país enorme e a algum tempo também achava que a maior liberação de produtos vindos de lá poderia nos prejudicar, mas encontrando pessoas, como fizemos agora, também muda a minha opinião. Eu acho que assim a gente aprende ? conclui o presidente do Sindicato Geral Agricultores de Vlaanderen, na Bélgica, Guy Praetere.
Ao mesmo tempo em que os europeus conhecem aos poucos a realidade da agropecuária brasileira, também passamos a entender como eles lidam com alguns temas, como as exigências ambientais. É o que você vai ver amanhã na terceira reportagem da série Agropecuária no Velho Continente.
Confira o infográfico com as reportagens feitas pelo Canal Rural pela Europa