O aviário fechado guarda um lamento coletivo. É o som de 28 mil aves famintas. A comida acabou há dois dias e os frangos só se alimentam de água. A ração deveria ser entregue todas as semanas pela empresa para quem o produtor rural Elicio Krug vende os animais. Faz parte do contrato, mas nada foi recebido, e não se trata do primeiro atraso.
? Aí o cara desanima porque vê o frango como estava na semana passada. Quando não estava faltando alimento para eles, era um pintinho bonito e agora dá uma olhada no aspecto deste frango, horrível, para quem entende de avicultura, sabe que é um aspecto desanimador ? diz Krug.
O calendário de pagamentos mostra que os casos de atraso se repetiram ao longo do ano, com períodos com mais de 150 dias sem receber nada.
? Chega um ponto em que não há mais condições. Nós já estamos há dois anos sem condições de trabalhar. Está insuportável. Tanto a falta de pagamento de mais de cem dias como de ração. Está insuportável. Estamos no nosso limite ? conta Krug.
Com a crise, os produtores deixaram de investir nas propriedades e fizeram dívidas para pagar as contas atrasadas.
? Você tem essa atividade e você já conta com isso. Uma parte vai para o custo de produção. E parte do lucro é a tua vida. Você tem o seu plano de saúde, os estudos, enfim, tudo o que você adquire ou pretende. Você já fez um planejamento em cima disso. Mas como o atraso é muito grande, quando vem já cobre despesa de produção. Então, essa qualidade de vida fica comprometida ? explica o produtor Rigoberto Kniest.
? A gente até está lançando uma campanha em que as empresas que quiserem ajudar os integrados da associação daqui com alimentos, leite e até tem criadores que tão com problemas até para comprar fraldas para os filhos. A gente está lançando esta campanha para ver se dá um Natal melhor, porque está difícil ? diz a presidente da Associação dos Criadores, Cátia Schu.