Após uma temporada de 2017 de preços em queda, o mercado de soja aguarda pela definição da safra da
América do Sul para definir os rumos no primeiro semestre de 2018.
O Brasil semeou novamente uma área recorde de soja. Embora seja difícil repetir as grandes produtividades colhidas na safra 2016/2017, nada impede que o país colha uma supersafra. O potencial produtivo da nova safra brasileira supera 114 milhões de toneladas colhidas em 2017. Se o clima for positivo nos meses de janeiro, fevereiro e março, o país poderá colher uma safra superior à anterior.
Após um início de plantio lento devido ao atraso na chegada das chuvas à região central do país, a semeadura acabou sendo finalizada sem grandes problemas.
“A partir de agora, tudo irá depender do clima para a definição da produção brasileira. A incidência do fenômeno La Niña no verão sul-americano liga um alerta no mercado, pois historicamente anos de La Niña trazem perdas relevantes para as lavouras do Sul do Brasil e da Argentina, com o registro de secas severas nas regiões”, alerta o analista da Safras & Mercado, Luiz Fernando Roque.
Preços
Apesar disso, a simples confirmação da incidência do fenômeno não impõe perdas aos preços. O mercado aguarda por registros mais claros de problemas, o que ainda não ocorreu. “Até o momento, não podemos falar em perdas produtivas. Tal fato impede Chicago de recuperar patamares superiores a US$ 10 por bushel. O fato é: sem perdas produtivas relevantes no Brasil ou na Argentina não veremos os contratos futuros se firmarem acima da referência de US$ 10 no primeiro semestre do ano, podendo, inclusive, voltar a se aproximar da linha de US$ 9”, afirmou.
Neste caso, apenas movimentos especulativos pontuais trarão alguma força momentânea ao mercado e os mesmos deverão ser aproveitados. Mas, havendo confirmação de perdas relevantes, o mercado pode ganhar força a partir de fevereiro ou março, firmando-se acima da importante linha.
Safra dos Estados Unidos
Ainda em março, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) trará os primeiros números de intenção de plantio da nova safra norte-americana. A tendência é de uma nova expansão da área de soja, o que novamente deverá trazer um grande potencial produtivo para o maior país produtor de soja do mundo. Tal fato, naturalmente, traz pressão ao mercadom as ainda é cedo, alerta o analista. A dica é que o produtor fique atento a este ponto.
Demanda
No lado da demanda, o ano de 2018 deve ser positivo. A nova temporada deve reservar uma nova expansão da demanda internacional pela oleaginosa, principalmente da China. Neste ponto, destaca-se a importância crescente das exportações brasileiras, que podem alcançar novo recorde.
Câmbio
Questões polícias e econômicas no Brasil também serão determinantes para a formação do preço de venda da soja brasileira, pois impactarão de forma direta o câmbio. Neste sentido, a tendência é de um câmbio firme em
2018, que irá derivar, principalmente, das incertezas com relação à eleição presidencial. Atenção às pesquisas eleitorais e candidaturas.
Rentabilidade
“Apesar dos desafios, a nova temporada ainda pode reservar boas rentabilidades ao mercado de soja, mas a gestão e atenção ao mercado para o aproveitamento das oportunidades deverá ser decisivo, mais uma vez”, conclui o analista.