A estimativa é que a quebra na safra ultrapasse 50% da média histórica no RS. Os pedidos de Proagro já passaram de 10 mil, segundo a Emater. Mas a seca não é generalizada devido à chuva irregular, que criou contrastes de produtividade. Na serra, a média prevista é quase quatro vezes maior do que no noroeste do Estado.
– Na nossa área, o melhor que está se colhendo são 10 sacos por hectare, de uma soja de péssima qualidade. Além de muito grão verde, a carga vem misturada com galhos e erva daninha, já que a gente precisa passar a máquina muito baixa, devido ao pouco tamanho da planta – conta Aldemir Machiavelli, 46 anos, que, junto com o irmão, cultiva 2,7 mil hectares da oleaginosa em Cruz Alta, no Noroeste.
No mercado, porém, escassez significa valorização. Por isso, cabe ao produtor encontrar o equilíbrio entre cautela e ousadia para escolher a melhor opção ao destinar a safra. Para a Associação dos Produtores de Soja no Estado (Aprosoja-RS), o compromisso da indústria gaúcha com fornecedores tende a elevar o preço do grão.
– O produtor busca bons negócios, mas precisa ter uma gestão eficiente para avaliar o melhor momento de vender – alerta Tarcísio Minetto, economista da Federação das Cooperativas Agropecuárias do RS (Fecoagro).
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Armazenagem
Em safra de soja valorizada, ter capacidade de estocar grão de qualidade permite inverter a lógica do mercado. Decidir a hora de vender aumenta o poder de barganha na negociação e, diante da escassez do produto, é uma alternativa para lucrar mais.
O problema é que só uma minoria consegue armazenar. Segundo o Sistema Farsul, o Rio Grande do Sul tem capacidade para armazenar 90% da safra, mas apenas 15% está nas mãos dos agricultores. Do restante, a maioria vai para cooperativas, que recebem a produção e garantem preferência na venda futura.
Exportação
Vender soja no mercado internacional é rentável, mas exige conhecimento, experiência e o principal: produto de qualidade. Esse, aliás, é um dos principais motivos para a estimada redução de até 40% na exportação de soja via porto de Rio Grande em 2012.
A Farsul recomenda vender a safra para quem exporta passando pelo mínimo de intermediários possível, o que pode até dobrar o lucro estimado. O revés é o frete mais caro no pico da safra, mas muitas vezes arcar com o custo ainda pode tornar o negócio vantajoso, garantem economistas.
