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Com medo de preços baixos em 2019, produtores de soja correm para travar vendas

Em Minas Gerais, por exemplo, comercializações da safra nova estão muito mais adiantadas que nos anos anteriores

André Anelli, de Uberaba (MG)
O dólar em baixa, após a vitória de Bolsonaro e as incertezas sobre o mercado internacional fizeram com que os produtores de soja de Minas Gerais acelerasse a venda antecipada do grão, com receio que os valores recuassem ainda mais no próximo ano.

As plantas recém germinadas ainda terão muito tempo para serem colhidas. Antes mesmo de começar a encher os grãos, 60% do que sair da lavoura de Gustavo Chavaglia Filho já está vendido. Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o produtor rural travou mais da metade da produção, quando o dólar valia quase R$ 4.

“Travamos a soja a R$ 76 por saca e estamos bastante contentes com esse valor. Se pudéssemos vender mais, nós faríamos, mas a incerteza de produção é o que nos limita. Mas estamos satisfeitos com o resultado e vamos em frente”, conta Chavaglia Filho.

A Aprosoja Minas Gerais calcula que 35% da produção estadual foi travada antecipadamente, número é superior à média nacional. A guerra comercial entre Estados Unidos e China também contribuiu para que os produtores negociassem a produção a preços fixos acima de R$ 75 por saca.

“A gente percebe que o produtor aproveitou esses momentos de câmbio e de prêmio em alta para vender e garantir o custo dentro de uma boa relação de troca, né”, afirma o vice presidente Aprosoja Noroeste-MG, Felipe Werlang Silveira.

Na propriedade de Silveira, 45% da produção foi travada. Mas ele diz que outro fator impediu percentuais ainda maiores na negociação antecipada: o tabelamento dos fretes.

“Percebemos que houve uma diferença no valor do disponível para a soja fixada no futuro, em função da dúvida que as tradings tinham em relação ao custo do frete no ano que vem”, diz o representante da Aprosoja.

Os problemas de logística, que não ficam restritos ao tabelamento, não intimidaram o travamento da comercialização de Chavaglia Filho, que agora pensa no preço do restante da produção. “Agora vamos esperar e torcer para a soja subir, mesmo com o dólar em baixa. Para conseguir ter o mesmo valor do travamento que tivemos antes”, diz.

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