Em Minas Gerais, por exemplo, comercializações da safra nova estão muito mais adiantadas que nos anos anteriores
André Anelli, de Uberaba (MG)
O dólar em baixa, após a vitória de Bolsonaro e as incertezas sobre o mercado internacional fizeram com que os produtores de soja de Minas Gerais acelerasse a venda antecipada do grão, com receio que os valores recuassem ainda mais no próximo ano.
As plantas recém germinadas ainda terão muito tempo para serem colhidas. Antes mesmo de começar a encher os grãos, 60% do que sair da lavoura de Gustavo Chavaglia Filho já está vendido. Em Uberaba, no Triângulo Mineiro, o produtor rural travou mais da metade da produção, quando o dólar valia quase R$ 4.
“Travamos a soja a R$ 76 por saca e estamos bastante contentes com esse valor. Se pudéssemos vender mais, nós faríamos, mas a incerteza de produção é o que nos limita. Mas estamos satisfeitos com o resultado e vamos em frente”, conta Chavaglia Filho.
A Aprosoja Minas Gerais calcula que 35% da produção estadual foi travada antecipadamente, número é superior à média nacional. A guerra comercial entre Estados Unidos e China também contribuiu para que os produtores negociassem a produção a preços fixos acima de R$ 75 por saca.
“A gente percebe que o produtor aproveitou esses momentos de câmbio e de prêmio em alta para vender e garantir o custo dentro de uma boa relação de troca, né”, afirma o vice presidente Aprosoja Noroeste-MG, Felipe Werlang Silveira.
Na propriedade de Silveira, 45% da produção foi travada. Mas ele diz que outro fator impediu percentuais ainda maiores na negociação antecipada: o tabelamento dos fretes.
“Percebemos que houve uma diferença no valor do disponível para a soja fixada no futuro, em função da dúvida que as tradings tinham em relação ao custo do frete no ano que vem”, diz o representante da Aprosoja.
Os problemas de logística, que não ficam restritos ao tabelamento, não intimidaram o travamento da comercialização de Chavaglia Filho, que agora pensa no preço do restante da produção. “Agora vamos esperar e torcer para a soja subir, mesmo com o dólar em baixa. Para conseguir ter o mesmo valor do travamento que tivemos antes”, diz.