Em Campo Mourão, no Paraná, o uso da adubação verde tem aumentado a produtividade nas lavouras de soja. Teve produtor que conseguiu colher uma média de 72 sacas por hectare na safra passada. Sem falar nos custos, que baixaram devido ao menor número de aplicações de herbicidas.
Não importa se ainda é semente ou se já emergiu, a plantação de soja na propriedade de Frederico Stellato Farias tem tratamento especial, tudo à base de adubação verde. E olhando a plantação dá para perceber a qualidade da cobertura que a semente recebe. Parte é aveia preta dessecada, na outra as plantas já secas são cortadas para virarem palhada.
“Os resultados são essa estabilidade de produção. Em um ano atípico, pode ocorrer uma quebra de safra, mas não tão grande porque o sistema tem uma boa estrutura de solo, armazenamento de água e também diminuição de custo”, conta Farias.
Se por um lado a lavoura precisa de menos herbicida, de outro, a soja fica mais resistente aos imprevistos do clima.
“A matéria orgânica que fica incorporada no solo é uma espécie de esponja, absorve umidade e segura essa umidade de tal forma que uma estiagem não muito extensa, tipo uma estiagem de 10 ou 15 dias, a cultura pode não ter nenhum prejuízo”, explica o pesquisador da Embrapa, Amelio Dall’agnol.
A adubação verde começou a ser feita na propriedade de Farias em 2007 e funciona da seguinte maneira: no inverno, um terço da propriedade é destinado ao plantio de culturas como aveia branca, preta, trigo mourisco e ervilhaca. Um terço fica para o milho segunda safra e o restante para o trigo.
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A cada três anos é feita uma rotação entre as áreas das culturas. No verão, a situação muda. 80% das terras são destinadas à soja e 20% ao milho primeira safra. O plantio da soja safra 2019/2020 é de soja sob a palhada da aveia branca, por exemplo.
Neste ano, o produtor vai semear 380 hectares de soja, área 46% maior que a safra passada. A produtividade média da temporada passada fechou em 72 sacas por hectare. A região de Campo Mourão é a segunda mais produtiva do estado, de acordo com o Departamento de Economia Rural, (com 1,904 milhão de toneladas), ficando atrás do núcleo regional de Ponta Grossa. Coincidência ou não, a prática de adubação verde é muito comum por lá.
“Você tem uma lavoura mais limpa, com uma reciclagem de nutrientes. São vários tipos de sistemas radiculares que estão puxando os nutrientes para soja no futuro. E o principal também seria o controle de plantas daninhas, que tem palhada e você vai ter um gasto bem menor com isso”, diz o engenheiro agrônomo Marcelo Soares Da Silva.
Para começar com a adubação verde, o correto é separar apenas uma parte da área. Deixar de plantar em alguns talhões também pode ser um investimento.
“No verão ele vai deixar de plantar milho e vai plantar uma adubação de cobertura e nessa aí não vai ganhar dinheiro, mas vai ganhar dinheiro no plantio que ele fizer no ano seguinte em cima dessa área, comenta Silva.
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