Estudo conduzido pela unidade Trigo, em Passo Fundo (RS), também mostrou redução de 33% na população de plantas, o que diminui os custos de implantação; entenda
A redução no espaçamento entre as fileiras da soja pode potencializar os rendimentos da lavoura e permitir uma redução significativa nos custos de implantação. Um estudo da Embrapa Trigo mostrou ganhos diretos de quase cinco sacas e redução de 33% na população de plantas no Rio Grande do Sul, graças à melhor eficiência no uso da radiação solar na lavoura.
A recomendação contida nas “Indicações técnicas para a cultura da soja no RS e SC” estabelece uma população de 300 mil plantas por hectare — ou 30 plantas por metro quadrado —, com espaçamento que pode variar de 20 a 50 centímetros entre as fileiras.
Na população de plantas, a densidade de 20 plantas por metro quadrado mostrou o mesmo desempenho da densidade de 30 plantas/m², a diferença esteve na redução nos custos de produção (sementes principalmente) sem redução significativa no rendimento de grãos.
No espaçamento, foi utilizada a mesma distância entre linhas e entre as plantas na linha. Na comparação, o rendimento da soja no espaçamento de 25 cm resultou em 283 kg/ha a mais, cerca de 4,7 sacas, do que no espaçamento de 50cm.
“Vimos que o espaçamento reduzido pode maximizar os rendimentos na soja, já que há um aumento de área foliar mais rápido, acelerando o crescimento da planta e o acúmulo de massa para a produção de grãos”, explica o pesquisador da Embrapa Trigo Osmar Rodrigues. Ele destaca que, independente da cultivar utilizada, a redução de densidade de sementes é compensada pelo espaçamento reduzido, acelerando a velocidade de fechamento do dossel e o acúmulo de matéria seca nos ramos que definem a produtividade da soja.
Disposição da lavoura
O melhoramento genético embutido na cultivar é responsável por somente 50% do rendimento final na cultura, segundo a instituição. A outra metade está associada ao manejo da lavoura, desde a implantação até a colheita. A intensificação da produção é possível através de sistemas mais eficientes e equilibrados no uso dos recursos naturais, como água, luz, temperatura e nutrientes.
A planta de soja, nas condições de clima e solo gaúchos, semeada na época preferencial, meados de novembro, precisa de 40 a 50 dias de crescimento para resultar numa boa produção de grãos. Aumentar a interceptação de luz solar nesse período é possível através de ajustes no arranjo espacial das plantas.
O arranjo espacial determina a competição por luz, água e nutrientes, alterando desde a incidência de pragas até a produção de biomassa. A potencialização do rendimento de grãos pode ser obtida através do melhor acúmulo de área foliar, com maior aproveitamento da radiação solar que garante a fotossíntese necessária para o crescimento das plantas. A melhor distribuição de plantas na área pode considerar duas estratégias de manejo ainda na semeadura: densidade e espaçamento.
Vale lembrar
“Existe resposta diferenciada em rendimento para espaçamentos e populações de plantas, dependendo da época de semeadura, da arquitetura da planta e do grupo de maturação da cultivar”, diz a instituição. Populações muito acima da indicada, além de implicar no aumento nos gastos com sementes, podem ocasionar acamamento de plantas; enquanto populações muito abaixo favorecem a incidência de plantas daninhas na lavoura.
De acordo com os pesquisadores da Embrapa, a diversidade de cultivares de soja que chegam ao mercado todos os anos dificultam o trabalho da pesquisa, devido à grande variação no ciclo, porte das plantas e adaptações aos tratamentos fitossanitárias. O principal é que as plantas estejam distribuídas uniformemente na lavoura, considerando as condições de ambiente que favorecem ou limitam a expressão do potencial produtivo das cultivares.