A indefinição da guerra comercial entre chineses e norte-americanos têm gerado limitações de ganhos na Bolsa de Chicago, segundo avaliação do Rabobank. O principal ponto é que, sem a demanda chinesa, os estoques americanos tendem a se manter elevados mesmo com a perspectiva de que os Estados Unidos produzam uma safra abaixo de 100 milhões de toneladas em 2019, devido a perdas por conta do clima e a redução de área.
Nesse sentido, o Rabobank estima que caso a safra sul-americana ocorra dentro da normalidade, as perspectivas são de que as cotações em Chicago se mantenham abaixo dos US$ 9 por bushel nos próximos meses.
Além disso, a perspectiva é que as importações chinesas recuem para algo em torno de 80 a 82 milhões de toneladas este ano, o que também é um um fator de pressão nas cotações internacionais.
“Devido a revisão nos estoques norte-americanos de soja, realizado pelo USDA, acreditamos que os preços fiquem na casa dos US$ 9 por bushel. Mas a demanda desaquecida da China, por conta da peste suína africana que reduzirá o rebanho pela metade, as importações devem ficar em torno de 80 milhões de toneladas, contra 88 do ano anterior”, diz o analista do Rabobank, Victor Ikeda.
Impacto no Brasil
Segundo Ikeda, o atraso no plantio da soja no Brasil, neste momento, pode gerar retardo na retirada do grão no campo e, consequentemente, na oferta para os chineses, que podem começar a acontecer só em fevereiro.
“Isso gera impactos nos prêmios, pois com a guerra comercial nessa indefinição, o importador chinês não colocará um prêmio muito elevado na soja nos portos do Brasil”, diz o analista.
Para ele, o importador chinês não está certo sobre o futuro da guerra comercial e não irá pagar mais por uma soja tão antecipada do Brasil. “Ele sabe que lá em fevereiro, se a trégua permanecer, eles terão mais opções de compra do grão e os prêmios podem seguir na casa dos US$ 0,40 cents por bushel, elevando os preços finais FOB a US$ 9,50 por bushel”, comenta.