Soja e milho avançam em áreas novas no Piauí na safra 2013/2014

Pelas projeções da Aprosoja/PI, nesta temporada 610 mil a 620 mil hectares devem ser destinados à oleaginosaA possibilidade de abertura de novas frentes de plantio, sem comprometer a manutenção das áreas de preservação permanente, anima os agricultores do Piauí a continuar investindo na expansão do cultivo de soja e milho, que no caso da oleaginosa é estimulado pela boa liquidez e no cereal, pela demanda crescente da região Nordeste, tradicional compradora de grãos do Centro-Sul.

A expectativa da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Piauí (Aprosoja/PI) é de crescimento variando de 12% a 15% na semeadura de soja na safra 2013/2014. O diretor regional da Aprosoja/PI, Altair Domingos Fianco, afirmou que os municípios ao sul do Estado, onde se concentra a produção piauense de grãos, dispõem de 3 milhões a 3,5 milhões de hectares de terras cultiváveis, mas a agricultura empresarial usou apenas 697 mil hectares no ciclo 2012/2013. Ele citou como exemplo o município de Uruçuí, de 845 mil hectares, onde o potencial de plantio chega a 475 mil hectares.

Pelas projeções da Aprosoja/PI, nesta temporada 610 mil a 620 mil hectares devem ser destinados à oleaginosa, ante 546,4 mil hectares apontados pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2012/2013. Doze anos atrás, no ciclo 2001/2002, a commodity ocupava apenas 86 mil hectares, conforme a associação

Perdas na produção

Segundo o diretor da Aprosoja/PI, em condições normais, o Estado consegue produzir 3.100 quilos por hectare (51,6 sacas/ha). Mas o impacto da estiagem e da infestação da lagarta helicoverpa na safra passada fez com que o rendimento médio das plantações piauienses fosse de apenas 1.963 quilos por hectare.

– Foi a pior média desde 2001/2002, quando se colheu 1.050 quilos por hectare, mas também só se plantava 86 mil hectares – lembrou.

O gasto do agricultor ficou de aproximadamente R$ 1.600 por hectare para produção de soja, 30% maior do que os R$ 1.300 por hectare verificados em 2012/2013. De acordo com ele, os fertilizantes, que representam 30% do custo da lavoura, passaram de R$ 250 por hectare para R$ 423 por hectare (+69,2%) devido à valorização do dólar ante o real, enquanto as despesas com sementes subiram de R$ 162 para R$ 183 por hectare (+13%). Já o desembolso com inseticidas aumentou 36%, de R$ 163 para R$ 222 por hectare, por causa da helicoverpa.

A praga fez com que o governo federal reconhecesse situação de emergência no oeste da Bahia e no Mato Grosso, mas outros Estados já trabalham para pedir igual tratamento, de modo que possam importar e aplicar os defensivos específicos para combater a lagarta. No Piauí, alguns municípios, entre os quais o de Uruçuí, estão pleiteando essa condição. Mas Fianco não espera que a praga cause perdas tão grandes quanto em 2012/13 porque os produtores já estão conscientes das práticas de manejo que devem ser adotadas.

– No ano passado, nós soubemos da existência da Helicoverpa quando ela já estava comendo as vagens. Agora já estamos um passo a frente, atacando os ovos dela – explica.

Clima

O clima para plantio da oleaginosa alimenta esperanças de que os agricultores serão capazes de bater o recorde de 3.231 quilos por hectare observado em 2007/2008. O diretor da Aprosoja/PI conta que neste ano as chuvas chegaram quase 20 dias antes em relação ao ano passado, o que permitiu começar os trabalhos mais cedo.

– A primeira chuva que deu condição de plantio veio em sete de outubro e devemos concluir tudo até 20 de dezembro – prevê.

Um levantamento da consultoria AgRural mostrou as precipitações estão irregulares no Estado, o que provocou interrupção do cultivo por alguns dias. Até 22 de novembro, 30% das lavouras piauenses haviam sido implantadas, estimou a consultoria.

Milho

A antecipação do cultivo da oleaginosa neste ano deve permitir a ampliação da segunda safra de milho do Piauí em 2014. A Aprosoja/PI prevê que a safrinha do cereal, semeada após a colheita da soja, ocupará 35 mil hectares, uma área 66,7% superior aos 21 mil hectares plantados em 2013. A possibilidade de aumento na oferta de milho traz alívio às granjas do Nordeste, que frequentemente precisam buscar grãos para ração animal em outras regiões, especialmente no Centro-Sul.

– Temos um mercado muito privilegiado para venda de milho aqui no Nordeste. Eu mesmo estou negociando (o grão) entre R$ 27 e R$ 28 a saca – observou Fianco.

Para safra de verão, a associação projeta o cultivo de 90 mil hectares no Estado, considerando apenas a agricultura comercial. Se concretizada, a área ficará 7% abaixo dos 97 mil hectares do ciclo anterior. A redução esperada, segundo o diretor da entidade, não reflete a queda dos preços do cereal, e sim a impossibilidade de se fechar contratos antecipados com as granjas. Somada a agricultura familiar, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que um total de 377,1 mil a 388,1 mil hectares sejam destinados à primeira safra de milho nesta temporada, ante 366,1 mil hectares em 2012/2013. 

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Agência Estado