Soja: mofo branco traz prejuízos para Mato Grosso e Rio Grande do Sul

Produtor encontra doença pela primeira vez em sua lavoura e estima perdas de duas sacas por hectare

Daniel Popov e Pedro Silvestre
A alta incidência de mofo branco nas lavouras de soja está preocupando produtores e especialistas da região sul de Mato Grosso e também do Rio Grande do Sul. A doença é agressiva e se não for controlada, pode comprometer seriamente a produtividade.

Caules com partes podres, galhos atrofiados, folhas amarelas e secas e comprometimento dos grãos. A imagem de uma planta contaminada com o mofo branco impressiona. O dano é severo e tem alto potencial destrutivo. A fitopatologista Rita de Cássia Santos Goussain  monitora a presença de mofo branco no sul e sudeste de Mato Grosso , onde os primeiros casos foram registrados em 2010.

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“Esse micélio é uma característica do mofo branco. Isto é, nada mais do que filamentos (hifas) do fungo. Essas hifas se enrolam umas nas outras, formando uma estrutura semelhante a fezes de ratos, que são os escleródios. O fungo, tendo uma condição ambiental favorável, com bastante umidade, se alastra por toda a planta e vai apodrecendo a planta. Vemos relatos de até seis sacas de perda por mofo branco”, diz Rita.

O problema é que a doença não se limita a atacar a soja e pode migrar facilmente para o algodão, a crotalária, ou o feijão. “Se você não enfrentar e não adotar medidas de controle para poder, com o tempo, reduzir a infestação da doença na lavoura, chegará um momento que será inviável produzir naquela área”, conta o engenheiro agrônomo, Alexandre Lopes.

O tempo mais chuvoso favoreceu a disseminação da doença e para evitar a proliferação, o agrônomo diz que adotou algumas medidas de controle nas lavouras em que trabalha.

“Reduzir o adensamento das plantas e aumentar a aeração no ambiente ajuda muito. Fazer o uso de produtos biológicos no início, para tentar inviabilizar esses escleródios na área também. Depois que a doença se instala e, você tem uma situação de manchas que já tomou conta do ambiente a situação complica mais”, diz Lopes.

As estratégias ajudam a evitar custos extras ao produtor, que conhece a gravidade e os prejuízos que a doença pode causar.

“A consultoria nos ajuda, Eles dizem se compensa ou não aplicar agroquímicos, por causa da variedade. Porque chegar no final, depois de todo um investimento e com a safra quase terminando, não pode relaxar. Tem que tomar um cuidado, pois é uma doença problemática. No ano passado foi um pouco mais tranquilo, mas esse ano, devido a umidade e chuvas todo dia, deu uma apertadinha”, diz o produtor Marcos Ristal Garbuggio.

Caso no Rio Grande do Sul

A doença também está tirando o sono dos produtores do Rio Grande do Sul. Um destes casos chegou a rodar os grupos de WhatsApp, devido aos danos que o mofo branco causou em uma área de 30 hectares, do produtor, Luan Piccoli, do município de Estação (RS).

Por lá, a doença nunca apareceu, esta foi a primeira safra com o problema, tanto que ele ainda ia procurar o seu engenheiro agrônomo para saber que estratégia tomar. “Até então nunca tínhamos tido problemas com ela. Minha soja está indo do estádio R5 para R6. Mas, não sei se vou aplicar alguma coisa ainda, não sei se compensa”, diz Picolli.

Por lá ele cultivou ao todo 210 hectares com a soja e espera colher uma média de 73 sacas por hectare, um pouco a mais que no ano passado, quando colheu 69 sacas por hectare. “Nesta área do mofo branco acredito que iremos perder pelo menos duas sacas por hectare”, finaliza.

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