A atualização do Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) para a cultura da soja resultou em uma mudança na classificação de solos, levando em consideração a disponibilidade de água na terra.
Na prática, a nova versão do Zarc passa a valer na safra 2023/24. Assim, o planejamento das lavouras e o mercado de seguros são diretamente impactados.
O Zarc considera análises de riscos com base em séries históricas de dados climáticos e estudos de probabilidade de ocorrências de intempéries no campo, proporcionando recomendações para nortear o manejo.
“A inclusão do parâmetro de Água Disponível (AD) tem a intenção de melhorar o zoneamento e detalhar as condições edafoclimáticas (características do solo que influenciam a cultura), o que tornará essa ferramenta de gerenciamento de risco mais precisa”, opina o diretor de agronegócios da FF Seguros, Fabio Damasceno.
Desta forma, com a nova classificação de solos, torna-se crucial que os agricultores estejam atentos aos tipos de solos presentes nas áreas que possuem para respeitar a janela recomendada de plantio, que terá início a partir de setembro nas principais regiões produtoras.
Além de auxiliar na mitigação de adversidades climáticas, o cumprimento do Zarc é um requisito para a contratação de seguro agrícola.
“Os agricultores precisarão realizar análises de solo ou utilizar os resultados laboratoriais de análises que já possuam para calcular a nova classificação”, alerta Damasceno.
Nova classificação de solos
Anteriormente, a classificação considerava a existência de apenas três tipos de solo, baseados em teor de argila. Agora, o novo Zarc se baseia em uma fórmula mais complexa que considera os percentuais de argila, silte e areia, correlacionados com o índice de Água Disponível no solo.
As novas regras determinam que os solos podem ser divididos em seis categorias e trazem mais complexidade para o planejamento da safra de soja 2023/2024.
“A classificação de solo determina a aceitação ou exclusão do seguro, por isso essa mudança também impacta na formatação de contratos. Os solos classificados como AD4, AD5 e AD6 são elegíveis para a contratação de seguro agrícola, enquanto as demais classes são excluídas das nossas apólices”.
Segundo Damasceno, a mudança pode exigir investimentos e um período de adaptação pela complexidade do novo Zarc. “Porém, acreditamos que tudo isso vai impulsionar melhorias para o manejo de solo e produção de soja, promovendo janelas de cultivo mais assertivas para mitigar os riscos climáticos, além de trazer mais segurança para as operações de seguros”.
Disponibilidade de água
A disponibilidade de água no solo desempenha papel fundamental para o adequado desenvolvimento da soja e a maximização dos rendimentos da colheita.
Portanto, compreender a nova classificação e adaptar o cronograma de cultivo de acordo com as recomendações do novo Zarc são medidas essenciais para alcançar os melhores resultados produtivos.
A Água Disponível (AD) é um parâmetro que se refere à capacidade do solo de reter água após a drenagem gravitacional, ou seja, o volume de água que permanece na terra para que ocorra a absorção pelas raízes das plantas.
Esse recurso impacta na atividade biológica do solo e na capacidade de absorção de nutrientes que as plantas terão ao longo da safra.
Controlando o risco na soja
Com a adequada classificação do solo e acesso às previsões climáticas, seria possível estimar tendências e melhorar o manejo. Com o início do fenômeno El Niño, por exemplo, espera-se que o índice pluviométrico fique acima da média na região Sul do Brasil.
Nesse caso, áreas com solos AD6, de maior capacidade de retenção de água, tendem a sofrer mais com o maior volume de chuvas e a umidade excessiva pode inundar as raízes, o que levaria à falta de oxigênio e podridão.
Por outro lado, em solos AD1, com menor capacidade de reter água, as plantas tendem a sofrer mais durante os períodos de secas.
O Zarc Soja – 06 ADs pode ser encontrado no aplicativo Zarc – Plantio Certo, disponível gratuitamente na Loja de aplicativos da Embrapa nas seguintes versões em Android e iOS.