A falta de chuvas que estava preocupando os produtores de soja do Rio Grande do Sul até agora em fevereiro, seguirá em março, afirma a editora de Tempo do Canal Rural, Pryscilla Paiva, durante o Fórum Soja Brasil que aconteceu na Expoagro Cotricampo nesta quinta-feira (13). Para piorar, o resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial mostram a possível chegada de um La Niña, que traz ainda mais seca para o Sul do país, no segundo semestre.
A esperança de muitos produtores do Rio Grande do Sul, era que as chuvas se normalizassem em fevereiro para que a soja pudesse recuperar pelo menos um pouco da falta de água e as perdas fossem menores. Mas isso não está acontecendo.
“Em Campo Novo, por exemplo, foram apenas 540 milímetros de chuva até agora, o que é pouco. Para os produtores rurais, se chover de 50 à 100 milímetros já ajudará. A expectativa era que as instabilidades retornassem no início desta semana, mas não aconteceu”, afirma Pryscilla.
Em março, a previsão ainda é de chuvas abaixo da média normal para o estado. Entretanto, isso não será necessariamente ruim, pois segundo a Aprosoja-RS a maior parte das colheitas de soja devem acontecer exatamente nesse mês.
“Em alguns momentos a tendência é de volumes 30 mm abaixo do normal, sendo que a média de março já é mais baixa que os meses anteriores, girando em torno de 130 mm. Mas para quem pretende iniciar a colheita, isso é bom”, diz.
Vem La Niña por ai?
Já definidas as condições para essa fase final da cultura, as primeiras projeções para o segundo semestre apontam um resfriamento das águas do oceano pacífico equatorial, ou seja, chance para a configuração do fenômeno La Nina.
“Independente se o La Nina se configurar ou não, as águas do oceanos ficarão mais frias no segundo semestre e isso é preocupante para o Rio Grande do Sul, pois pode gerar impactos no clima, com novas estiagens”, conta Pryscilla.
A editora de tempo alertou o produtor a receber esta informação e se preparar, pois isso pode trazer ainda mais problemas para o estado, que já teve quebras nesta safra.
“Com isso já dá para o produtor decidir quais cultivares ele apostará na próxima safra. Se precoce ou ciclo tardio, para evitar maiores problemas”, afirma.
Especialistas de mercado mostram oportunidade
Segundo o analista Vlamir Brandalizze, quando se fala em La Nina o Rio Grande do Sul é o estado mais penalizado do país. Ainda assim é preciso perceber a oportunidade que isso pode gerar.
“Esse é o fenômeno que mais causa prejuízos nos Estados Unidos e, deve chegar durante a safra deles. Se tiver um problema por lá isso se refletirá nos preços, qu8e podem subir. O Brasil, por sua vez ainda terá tempo de investir em uma boa palhada para diminuir os efeitos da estiagem”, conta.
Outro painelista concordou que o Brasil pode tirar vantagem desse fenômeno. Segundo Matheus Pereira, da consultoria ARC Mercosul os produtores podem aproveitar para fazer mais vendas antecipadas e aproveitar para suas trocas de grãos por insumos.
“É importante o produtor perceber a oportunidade neste caso e já tentar antecipar mais vendas. O preço pago pela soja está bom e o valor dos insumos está em queda. Olha a oportunidade ai!”, afirma.