Soja sai favorecida em relação de preço com milho

Situação gera incerteza nas regiões onde ocorre expansão de área plantada, diz AgRuralO analista de mercado Fernando Muraro, da AgRural, disse nesta terça-feira, 16, que a atual relação de preço entre soja e milho favorece a oleaginosa. Considerando as cotações das duas commodities na Bolsa de Chicago, essa relação está em 3,6. 

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– No ano passado, esse número ficava entre 3,30 e 3,40 – disse Muraro no Seminário Perspectivas para o Agribusiness em 2015 e 2016, realizado pela BM&FBovespa em São Paulo.

Segundo ele, essa situação leva a uma incerteza para os próximos anos, especialmente em regiões de grande expansão, como o Mapitoba e Mato Grosso.

 – No Brasil, a soja vem roubando o espaço do milho, claramente na safra de verão – explicou.

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Muraro ressalvou que no mercado futuro da soja a correlação entre estoques mundiais e preço é muito baixa.

– De menos de 20%; já no algodão e milho fica em mais de 50% – afirmou. Dessa forma, estoques mundiais de soja altos não significam preço baixo, frisou.

Segundo dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, a relação estoque e consumo deve alcançar 30% em 2015/16, “a maior relação da história”, segundo Muraro.

Custo

O investimento nas lavouras de soja em 2015/16 pelos produtores será menor, segundo Muraro.

– Em 2002/2003, o custo dos insumos representava 61% da lavoura, e em 2014/15, os insumos passaram a representar 48% do custo total – disse ele.

Ele aponta o encarecimento de diesel, armazenamento, juros e mão de obra como os principais responsáveis pela elevação do custo médio aos agricultores.

De acordo com Muraro, principalmente em Mato Grosso, a lucratividade dos proprietários de terra tem caído, e o rendimento dos arrendatários está negativo em 2014/15. A AgRural prevê que a área de soja será de 32,7 milhões de hectares em 2015/2016, incremento de 700 mil hectares ante 2014/2015, o menor aumento nos últimos anos.

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O analista da AgRural disse ainda que a América Latina tem participação importante na elevação dos estoques mundiais de soja.

– Na América Latina respondemos muito rapidamente aos preços, elevando a produção – declarou.

O cenário de maior relação entre estoques e consumo e os fundamentos de oferta e demanda, no entanto, são baixistas para o mercado, com a retração da demanda chinesa. Nos Estados Unidos neste ano, os negócios antecipados para exportação alcançaram 5,3 milhões de toneladas, o menor nível para o período desde 2010/2011, segundo Muraro.

– O que mais influenciou essa queda foi a menor demanda da China – explicou.