Conab divulga novo levantamento de safra de soja, com nova redução na produção. A Bahia pode colher quase 15% a menos, enquanto o Rio Grande do Sul 9% a mais que na safra anterior
Daniel Popov, de São Paulo
A safra de soja no Brasil não será tão grande quanto se esperava. Enquanto entidades como a Aprosoja preveem uma produção de 101 milhões de toneladas, consultorias ainda trabalham com patamares acima dos 110 milhões. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), reviu sua estimativa para baixo, mais uma vez, e agora prevê uma colheita de 115,3 milhões de toneladas. Por sua vez o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), prevê uma safra de 114,7 milhões de toneladas.
A Conab é o órgão brasileiro especializado no levantamento de safras e sempre que divulga seus dados, chama a atenção. A cada mês os técnicos revisam suas estimativas e atualizam as perspectivas. Desde janeiro desde ano já se sabia que a soja teria uma forte quebra, mas o órgão ainda apontava para uma safra de 118,8 milhões de toneladas. Agora em fevereiro, após mais uma revisão, a estimativa nova aponta para uma colheita de 115,3 milhões de toneladas, parecida com a de muitas consultorias agropecuárias do país.
Entre as regiões do país, o Nordeste é o que responde pelo maior volume de perdas no país, com 14,3% de quebra, ante a safra anterior, seguido por Sudeste com 4,3%, Centro-Oeste com 3,1% e Sul com 0,9%. Somente o Norte do Brasil terá algum incremento, na casa de 1,9%.
Dos 19 estados acompanhados pela Conab, 11 terão quebras na soja. A Bahia deve ter o pior prejuízo na ordem de 21,1% e colher 4,9 milhões de toneladas, ante as 6,3 milhões de toneladas.Na sequencia vem o Paraná com 10% de perdas, ou uma produção de 17,2 milhões de toneladas, ante as 19,1 milhões da safra anterior.
Perdas no Sul
Segundo a Conab, em razão da forte estiagem, aliada a altas temperaturas, observadas particularmente na região oeste do Paraná, está prevista a ocorrência de perdas na produtividade da oleaginosa, principalmente para aquelas lavouras semeadas mais cedo, atingidas pelas adversidades climáticas no estádio de enchimento de grãos, a fase mais suscetível. “Para algumas lavouras os danos serão irreversíveis, mesmo se as chuvas normalizarem, uma vez que a ocorrência das condições climáticas adversas, particularmente na parte oeste do estado, coincidem com o fato da maior parte das lavouras estarem nos estádios de floração e frutificação”, diz a entidade.
No Rio Grande do Sul, a semeadura se encontra praticamente encerrada, alcançando 98% do total previsto para esta safra. Restam apenas algumas áreas que serão cultivadas na “safrinha”, com semeadura no início de janeiro em áreas que atualmente estão sendo cultivadas com milho (grão ou silagem) ou fumo. O estádio de desenvolvimento predominante é o vegetativo, 98,8% do total, seguido de floração em 1% e germinação em 0,2% das áreas. “A área cultivada foi mantida igual ao levantamento anterior, 5.777,5 mil hectares, cerca de 1,5% superior à safra passada. A produtividade neste levantamento também foi mantida idêntica ao levantamento anterior, apesar dos problemas no estabelecimento de parte das lavouras, já que a cultura está no início do ciclo, ficando em 3.235 kg/ ha, 7,4% acima da safra anterior.”
Perdas no MS
Em Mato Grosso do Sul, a área plantada atingiu 2,82 milhões de hectares. Na atual safra há uma expectativa de aumento de aproximadamente 5,4% de área plantada, principalmente pela incorporação de áreas de cultivo de pastagens e propriedades destinadas à produção de cana-de-açúcar, dada à dificuldade financeira enfrentada por algumas usinas, cujas áreas foram arrendadas por sojicultores.
Na região produtora norte do estado, o acumulado de precipitações ficou acima de 300 milímetros em novembro, dificultando até mesmo o manejo de aplicações de agroquímicos nas lavouras. Porém na região central, onde estão os principais municípios produtores, como Dourados, Sidrolândia, Maracaju e Ponta Porã, o acumulado ficou próximo da normal climatológica para novembro em torno de 200 milímetros.
“Em dezembro houve precipitações na maioria das regiões produtoras, porém as chuvas foram irregulares. Há casos de lavouras com mais de 25 dias sem chuva. Atrelada à falta de chuvas, no segundo decêndio de dezembro, as temperaturas máxima e mínima foram elevadas no estado, situando-se bem acima da normal climatológica do período. Com o clima seco há o aumento da evapotranspiração. Em todos os municípios do estado foram registradas temperaturas acima de 35 °C em pelo menos um dia de dezembro. O agravamento climático poderá provocar quebra da produtividade, a qual está estimada em 3.200 kg/ha, ante aos 3.593 kg/ha da safra anterior”, diz a Conab.
Quebra de safra é certa
Veja abaixo se o preço da soja pode ser afetado com essa redução!