Dia nervoso no mercado mundial deve trazer oportunidades para o mercado da soja no Brasil, avalia o analista de mercado Luiz Fernando Gutierrez, da Safras & Mercado. Nesta quinta-feira, 12, as cotações do grão atingiram o pior patamar desde setembro de 2019, mas a alta do dólar deve compensar e fazer com que os preços da saca subam no país. Mas para ele compradores podem ficar retraídos, entenda!
Segundo o analista, os preços mais elevados da saca devem fazer com que a ponta vendedora vá ao mercado negociar. “Acredito que o preço da saca subirá um pouco nesta quinta, pois a ponta vendedora vai querer negociar. O dólar batendo os R$ 5, traz uma oportunidade e supera até essa forte queda de 2% que a cotação registra no momento da Bolsa”, afirma Gutierrez.
Chicago atinge pior patamar
Os contratos da soja na Bolsa de Chicago (CBOT) acompanham os mercados internacionais, que refletem o avanço do coronavírus no mundo. Os contratos de referencia, de maio, bateram a mínima de US$ 8,53 por bushel no dia, pior patamar desde setembro de 2019. Essa mínima representa uma queda de quase 2,2% ante os valores de fechamento do dia anterior, na casa dos US$ 8,72 por bushel.
A consultoria Safras & Mercado afirma que o mercado segue o sentimento de pessimismo que toma conta dos mercados de ações, com fortes perdas na Ásia e na Europa, e de commodities, com os possíveis danos que podem ser gerados à economia global com a pandemia de coronavírus
Dólar
O dólar comercial opera em forte alta frente ao real nesta quinta-feira, após abrir no limite de alta e, consequentemente, nas máximas históricas, acima de R$ 5,00 pela primeira vez. Para a consultoria isso representa um ambiente de forte aversão ao risco generalizado nos ativos globais em meio aos desdobramentos do coronavírus.
Tendência para o mercado
Segundo o analista o câmbio subindo eleva o preço da soja, mas os preços na Bolsa de Chicago caindo seguram um pouco a alta potencial no país.
“A alta do câmbio e a queda em Chicago não mudam a conta tanto assim. Ainda assim, acredito que o preço da saca subirá e o produtor tem que se garantir e ir travando vendas, pois a queda do dólar pode ser repentina e toda essa oportunidade irá desaparecer”, afirma Gutierrez.
O analista ressalta, no entanto, que já tem muita soja vendida no país, mais de 60% da safra 2019/2020, bem acima do normal que é de 45% e isso pode limitar o interesse da ponta compradora. “Os compradores devem se retrair neste momento. Seja por menor necessidade, mas também pelos altos preços. Isso deve valer não só pelo grão, mas também pelo farelo e pelo óleo”, diz.
Por fim ele destaca que se não fosse o câmbio, o país não teria preços nestes níveis e a saca seria negociada com valores bem mais baixos. “Se o câmbio estivesse em R$ 4,20, a saca no Brasil seria negociada com perdas de até R$ 10, seguramente. O produtor está tendo sorte, ainda mais no momento de colheita. O céu é o limite para o câmbio e pode subir bem mais, mas o produtor tem que se garantir”, conta Gutierrez.