Conforme a secretária municipal de Educação de Capim Branco, Karine da Silva Andrade, estes alimentos que possuem altas concentrações de ferro, zinco, vitamina A e outros minerais poderão beneficiar cerca de mil alunos que, muitas vezes, têm na merenda escolar a única fonte de alimentação.
? Nosso objetivo é fazer com que a prefeitura adquira estes produtos diretamente de agricultores familiares para oferecermos na merenda. No total, cinco escolas atendem cerca de mil alunos que poderão ser beneficiados ? explica.
A meta da secretária tem amparo legal no Programa Nacional de Alimentação Escolar e na Lei Federal nº 11.947, de julho de 2008, que prevê que 30% dos produtos utilizados na merenda devem ser procedentes da agricultura familiar. Daí a importância e o potencial de utilização de alimentos biofortificados neste contexto. É também meta da Emater-MG investir na aquisição de produtos de agricultores familiares produzidos de forma orgânica.
Capim Branco é hoje reconhecida como a capital mineira da agricultura orgânica, segundo o técnico da Emater-MG Adenilson de Freitas.
? Queremos estimular esta produção, apresentando a estes agricultores o diferencial de se cultivar também alimentos biofortificados ? descreve.
O chefe-adjunto de Comunicação e Negócios da Embrapa Milho e Sorgo, Jason de Oliveira Duarte, vê com bons olhos esta parceria.
? É uma forma de oferecer mais renda aos agricultores familiares, já que terão garantia de compra durante o período letivo ? conclui.
Segundo o analista responsável pela transferência de tecnologias na Unidade da Embrapa, José Heitor Vasconcellos, as metas agora são estruturar um contrato de parceria e iniciar a multiplicação das sementes biofortificadas.
? Devemos estimular a realização de treinamentos em eventos específicos, durante a Semana de Integração Tecnológica (de 16 a 20 de maio), oferecendo capacitação a esses agricultores e estruturando vitrines demonstrativas para que a tecnologia seja reconhecida, combatendo a desnutrição ? explica.
Sobre o projeto
O projeto de biofortificação de alimentos (BioFORT) trabalha o melhoramento genético convencional de alimentos básicos como arroz, feijão, milho, mandioca, feijão-caupi, batata-doce, abóbora e trigo. O objetivo é obter alimentos com maior teor de ferro, zinco e pró-vitamina A para combater a anemia e a deficiência desta vitamina que podem ocasionar baixa resistência do organismo e problemas de visão.
Em seis anos, pesquisadores de 11 Unidades da Embrapa já conseguiram mandiocas e batatas-doces com altos teores de betacaroteno (pró-vitamina A) e arroz, feijão e feijão-caupi com maiores teores de ferro e zinco. Aos poucos, essas variedades estão chegando aos roçados das comunidades rurais e escolas de Sergipe, Maranhão e Minas Gerais. Produtos derivados e embalagens que conservam os nutrientes também estão sendo desenvolvidos.
O BioFORT está ligado aos programas HarvestPlus e AgroSalud que formam e financiam redes internacionais de pesquisa em biofortificação de alimentos na América Latina, Ásia e África. O BioFORT é coordenado pela Embrapa Agroindústria de Alimentos (Rio de Janeiro-RJ) e conta com as seguintes Unidades da Empresa: Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas-MG), Arroz e Feijão (Santo Antônio de Goiás-GO), Cerrados (Planaltina-DF), Semi-Árido (Petrolina-PE), Soja (Londrina-PR), Hortaliças (Brasília-DF), Meio-Norte (Teresina-PI), Mandioca e Fruticultura Tropical (Cruz das Almas-BA), Trigo (Passo Fundo-RS) e Tabuleiros Costeiros (Aracaju-SE).